Agroecologia nos territórios rurais

30/01/2007

Cada vez mais o homem do campo vai aprimorando seu trabalho e, aos poucos, construindo alternativas que geram renda e saúde como é o caso da agricultura familiar. Agora, além de se preocupar com a saúde, o trabalhador rural e a sociedade civil estão se organizando para também cuidar da terra que garante o seu sustento. Através da agroecologia- sistema de produção que procura imitar os processos como ocorrem na natureza, evitando romper o equilíbrio ecológico que dá a estabilidade aos ecossistemas naturais- o agricultor aprende os cuidados necessários para se ter uma boa produção e não agredir o meio ambiente.

O primeiro passo aconteceu quando representantes de entidades sociais que trabalham em diversos territórios da Bahia com a agricultura familiar, estiveram presentes no Encontro Nacional de Agroecologia, que aconteceu em abril de 2006 em Feira de Santana. O encontro serviu para alertar as entidades do movimento social para a necessidade de estar discutindo alternativas de produção agrícola sem o uso de produtos tóxicos.

Nos Território do Sisal, Bacia do Jacuípe, e Piemonte da Diamantina, o Movimento de Organização Comunitária (MOC), junto com entidades parceiras como Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Associação de Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (APAEBs), Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR), Associações, Cooperativas, Organizações Não- Governamentais (ONGs), aceitou o compromisso de realizar encontros em três municípios dessas regiões com os objetivos de favorecer a troca de experiências/conhecimentos/saberes e aprofundar o debate sobre os impactos do agronegócio no Estado. Além disso, promover a construção de um processo de transição agroecológica e o fortalecimento da articulação do campo agroecológico.

Esses encontros aconteceram no mês de dezembro do ano passado, nos municípios de Conceição do Coité (Região Sisaleira), Capela do Alto Alegre (Bacia do Jacuípe) e Jacobina (Região Piemonte da Diamantina). Participaram dos encontros produtores rurais, jovens do Projeto Prosperar e representantes de órgãos que trabalham com a agricultura, que aproveitaram o espaço para dividir os saberes, discutir experiências e aprofundar seus conhecimentos na área. Além disso, em cada encontro foram realizadas feiras da agricultura familiar, chamadas de "Saberes e Sabores", onde produtos foram expostos facilitando as oportunidades de comercialização para pequenos agricultores. Para Robenildo, agricultor da região do Piemonte, “foi uma oportunidade única de encontrar outras experiências que poderão enriquecer o processo de nossas propriedades".

O primeiro passo já foi dado e agora em 2007, agricultores e entidades se propõem a continuar articulando as discussões sobre agroecologia para que essa prática possa, de fato, fazer parte da vida do homem do campo no semi-árido baiano. Naidson Baptista, secretário executivo do MOC, comenta a importância dessa articulação e da adesão de novos participantes: “é importante que todos, agricultores, agricultoras e entidades saibam desse movimento e vão se incorporando a ele, por que na medida que a gente vai aumentando este movimento e as pessoas que participam dele, é que vamos ter mais força para exigir do governo a colaboração na construção de perspectiva de melhores dias para a população do semi-árido”.