“Entrei na luta, da luta eu não fujo”

08/11/2006

O Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) surgiu na Região Sisaleira em 1984 como estratégia de construção, mobilização e defesa dos direitos civis, políticos, sociais e econômicos das mulheres. Com a organização do movimento, tem crescido a discussão em torno da representação política das mulheres rurais.

Após 22 anos de luta, aconteceu no dia 27 de outubro a assembléia geral que aprovou o estatuto e elegeu a diretoria e o conselho fiscal do movimento para os próximos três anos. Com a aprovação do estatuto, o MMTR pode representar política e juridicamente os interesses das mulheres trabalhadoras rurais da região semi-árida da Bahia, desenvolver ações de qualificação profissional de mulheres do campo para a geração de oportunidade de trabalho e renda, se tornado protagonistas de ações.

Após cantar o trecho da música “entrei na luta, da luta eu não fujo”, Maria Madalena dos Santos Silva, que está presente no movimento desde a sua formação, fala emocionada do significado desse momento. “Hoje, estamos registrando um filho. Uma criança quando nasce precisa ser registrada para existir legalmente e poder ter acesso a benefícios, com o movimento de mulheres não é diferente”.

Atualmente, o MMTR está presente em sete municípios da Região Sisaleira da Bahia, desenvolvendo ações que atendem à 150 mulheres diretamente. Com a organização do grupo, elas conseguiram conquistar importantes espaços de discussão na região, como o Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia (CODES-Sisal) e participaram da campanha de documentação de mulheres.

Para Joseane Assis Santos, coordenadora do Programa de Gênero do MOC, a aprovação do estatuto demonstra que essas mulheres lutam com garra pelos seus direitos e mesmo com os tropeços, não desanimam. Para ela, o estatuto marca o fortalecimento dessa entidade.

Segundo Marineide Dias, integrante do MMTR de Retirolândia, a palavra que resume o processo de institucionalização é independência. Ela diz ainda que o grupo ensinou às mulheres do campo a lutarem por seus direitos sem perder a essência de ser mulher.

Para a elaboração do estatuto, foram realizadas reuniões nos municípios que o movimento tem atuado para discussão das questões de gênero e escolha dos pontos a serem contemplados. Clodoaldo Paixão, técnico do MOC, trabalhou na construção do desenho institucional da entidade e diz que todo esse esforço foi válido ao ver o número de jovens que estão se dedicando ao trabalho.

Com nome próprio e reconhecido legalmente, a diretoria eleita do Movimento de Mulheres trabalhadoras Rurais sabe que novos desafios estão surgindo, como a busca por novos parceiros e a inserção de mais mulheres que abracem essa causa e participem dessa luta.