Saudações agroecológicas para a Mãe Terra

14/05/2015

Agricultores/as familiares, representantes do poder público, sociedade civil, organizações sociais e estudantes estiveram reunidos no dia 13 de maio em Salvador, para participar do Seminário Agroecologia e Desenvolvimento Rural: Construindo uma  Política Pública na Bahia. O evento foi uma realização da Articulação Baiana de Agroecologia (AABA), discutiu sobre a implantação da política pública de agroecologia no Estado e contou com a participação do teólogo Leonardo Boff, que refletiu sobre a conjuntura da sociedade atual e a necessidade do respeito à Mãe Terra  e de ressignificar o sentido da vida, da religiosidade, da espiritualidade da relação com o próximo e com Deus.
 
“Estamos em um momento crítico da história da Terra. No momento que a humanidade tem que fazer uma escolha. Estamos numa situação de crise do produtivismo e da forma de nos relacionarmos com a natureza, que visa a produção e riquezas. É preciso ter uma nova visão das coisas, da Terra, do solo e da missão do ser humano. Missão e valores que inspirem novas alternativas”, disse.
 
 
Para Boff  o ser humano não é um animal faminto apenas de coisas materiais. O ser humano tem muitas outras fomes, como: cultura, comunicação, amor, transcendência  e a fome de Deus.  Ele diz que é necessário ter um pensamento diferente do pensamento que motiva a crise. Os indivíduos não podem ser reféns da lógica do capital e tem que buscar outras alternativas para se reinventarem. Na visão do teólogo, a agroecologia é uma das alternativas. A agroecologia é uma opção sustentável de desenvolvimento e de equilíbrio da Terra.
 
 
Ainda nas suas reflexões durante o seminário, Boff elencou os quatro princípios básicos que podem sustentar um novo estágio civilizatório para a Terra. São eles:  Saber Cuidar, Responsabilidade Coletiva,  Solidariedade  e Compaixão. “O cuidado é o orientador antecipado de nossas ações. Tudo aquilo que amamos cuidamos e aquilo que cuidamos amamos. Assim acentuamos a dimensão de luz e não de sombra para não desumanizarmos. Precisamos cuidar do planeta, da terra, dos solos, das águas, do ar. Se não cuidarmos ela fica doente, está doente”, completou.
 
 
Segundo Boff , cuidar da terra é cuidar da lógica dela, é cuidar dos ritos, ritmos e climas. É dizer não aos agrotóxicos, aos transgênicos , e celebrar a vida, o papel das mulheres, celebrar cada elemento que habita e que vive nela.  “A agroecologia é esse respeito à Terra e traz um novo olhar sobre a natureza. É  uma forma de viver a democracia alimentar. É uma estratégia de produção que que respeita a população e  traz a integração do meio com o ser humano.” 
 
 
Numa conexão com o público do seminário, as reflexões  de Boff , foram um alimento para o saber e para a alma de todos e todas ali presentes. Extasiados e emocionados, cada um/ uma que esteve na plateia fez internamente uma viagem  por suas vidas, suas lutas e principalmente pelas suas crenças, princípios e valores.  Terezinha dos Santos Silva, agricultora familiar do município de Retirolândia, disse que as reflexões  contribuíram para que ela ajude ainda mais o planeta e fortaleça o cuidado com a terra na sua prática e na multiplicação dos saberes com outros grupos da  localidade onde vive. “ Esse cuidado com a terra vem desde quando a gente planta sem agrotóxico, produz e come alimentos de qualidade, até quando a gente fala sobre a agroecologia e preservação com as mulheres, com os jovens,  agricultores/as  e lideranças do movimento social”, afirmou.
 
 
Para o técnico do Movimento de Organização Comunitária (MOC),  Erivanilson da Silva Oliveira a agroecologia está diretamente associada as práticas de convivência com o semiárido e o trabalho que ele desenvolve junto às famílias de agricultores/as familiares do semiárido baiano. “A agroecologia  é a própria convivência, com o outro, com a natureza, o respeito ao próximo, a parceria e o pensar no coletivo.”
 
 
Cada palavra e expressão de Boff, manifestou no público o respeito, a necessidade do cuidado com a vida, com o planeta, a celebração e as saudações de alegria, amor, fé e de agroecologia para a Mãe Terra.  E  ele encerrou com algumas palavras do Livro da Sabedoria, capítulo 11, versículo 24: “Ó Senhor, tu que criastes todas as coisas e amamos aquilo que tu criastes. Deus que é um apaixonado amante da vida, não vai deixar que a nossa vida miseravelmente se acabe.”
 
 
Rachel Pinto
Programa de Comunicação do MOC
 
 
 
 
 
 
 


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