O Programa Sementes do Semiárido fortalece a guarda do maior patrimônio genético das famílias agricultoras

10/03/2015

Falar sobre sementes crioulas vegetais e animais remete-nos à prática e hábito das famílias agricultoras em guardá-las como forma de garantir a continuidade, dá vida. É muito comum na vida das comunidades rurais, das famílias, armazenar e guardar algum tipo de semente. Isso é compromisso que representa a luta e resistência dessas famílias contra um projeto hegemônico, redução da biodiversidade, a crescente dependência de grande corporações empresarias, agronegócio.
 
Muito cultural entre as famílias agricultoras é a troca e guarda de sementes, essa prática é mantida e presente ainda hoje. E garantem de forma tradicional a continuidade das espécies vegetais e animais, sendo a condição fundamental do melhoramento genético das especiais adaptadas a cada região e principalmente a autonomia e soberania das famílias agricultoras.
 
É nessa troca e prática que percebemos nas agricultoras e agricultores afloração do sentimento de solidariedade, felicidade, do SER agricultora e agricultor familiar.  Com muito sentimento de esperança e vida melhor, dá a continuidade ao maior patrimônio genético, que assegurará a soberania e segurança alimentar, conservação a continuidade das espécies vegetais e animais, que muitas comunidades/famílias guardam de forma coletiva, através dos bancos de sementes comunitários. 
 
O Programa
Sendo assim, para reafirmar e fortalecer essa ação no semiárido o Programa Sementes do Semiárido, contribuirá a partir de março de 2015 até maio de 2016, com a implementação de 640 bancos de sementes crioulas nos estados de Bahia, Minas Gerais, Sergipe, Ceará, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba, através de 22 organizações em todo Semiárido brasileiro, beneficiando 12 mil famílias.  Essa ação será apoiada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em parceria com a Articulação Semiárido (ASA), através da Associação Programa Um Milhão de Cisternas para o Semiárido (AP1MC). 
 
O MOC, é uma das organizações que implementará 36 bancos de sementes crioulas pelo projeto no estado da Bahia. No Território do Sisal, nos municípios de Quijingue, Araci, Barrocas, Serrinha, Conceição do Coité, Retirolândia, Santa Luz, Ichu e Valente,  e na Bacia do Jacuípe, nos municípios de Riachão do Jacuípe, Nova Fátima, Pé de Serra. 
 
No projeto acontecerá o processo de identificação e diagnósticos dos bancos de sementes existentes, cadastramento  das comunidades e famílias, processo de formação com a equipe técnica, parceiros locais  e com as famílias, intercâmbio para troca de saberes entre as famílias/comunidade, fortalecimento e implementação dos bancos coletivos. O projeto ainda fortalecerá as famílias agricultoras que já tem acesso à água por meio do Programa Uma Terra e Duas Águas. Através da multiplicação das sementes, as famílias agricultoras poderão ainda acessar o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) na modalidade Aquisição de Sementes, que foi iniciada este mês (janeiro de 2015).
 
O lançamento e as atividades iniciais do Programa Sementes do Semiárido acontecem em Gravatá-PE, com uma oficina de Planejamento da Execução do Programa Sementes do Semiárido e Capacitação sobre Gestão Administrativo-Financeira. Na oportunidade, o coordenador executivo da ASA, Naidison Quintella, fala sobre os desafios políticos e gerenciais para execução do programa.Os técnicos do MOC, Ana Dalva, Vandalva, Natali, Alex e Ronaldo estão presentes no evento que acontece desde o último dia 09 e se estenderá até o dia 11 de março quando contará com a presença de agricultores e agricultoras e da ministra Tereza Campelo, do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS).
 
Segundo a coordenadora do Programa, no MOC, Ana Dalva Santana, esse projeto tem grande importância pelo resgate das sementes crioulas pelas famílias. “Permitirá o desenvolvimento de ações sustentáveis, valorizando a agrobiodiversidade e a valorização das sementes (vegetal e animal) levando em conta os aspectos sociais, ecológico, cultural e organizativo. Além de promover autonomia, a segurança alimentar e a soberania de todos os sujeitos”, enfatiza..
 
Ana Dalva Souza Santana
Coodenadora no MOC, do Programa Sementes do Semiárido. 
 
 


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