Encontro discute comunicação popular e comunitária no Semiárido

16/09/2014

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) realizou entre os dias 9 e 11 de setembro o Encontro Nacional de Comunicação, em Gravatá, Pernambuco. O evento discutiu comunicação popular e comunitária no Semiárido e contou com momentos de formação, reflexão e construção coletiva de processos para o fortalecimento da comunicação que queremos para o Semiárido brasileiro. Presentes cerca de 150 pessoas entre comunicadores/as, coordenações das ASAs estaduais, técnicos/as, assessores/as pedagógicos, agricultores/as e convidados/as.

Além da integração entre os participantes de dez Estados brasileiros, muita alegria, místicas, oficinas e diálogo sobre os desafios e perspectivas da comunicação da ASA. O Encontro também contou com a presença da professora e pesquisadora Cícilia Peruzzo, da Universidade Metodista (SP) que participou de uma mesa de debates no primeiro dia junto com Naidison Quintela, da Coordenação Executiva da ASA, pelo estado da Bahia. 
 
Leia na íntegra a Carta do Encontro:
 
Carta do Encontro Nacional de Comunicação da ASA
"Por uma comunicação popular e comunitária no Semiárido"
Gravatá - PE
12/09/2014

“Das novas antenas chegam velhas tolices... 
A sabedoria ainda é transmitida de boca em boca” - Bertold Brecht

A Articulação Semiárido Brasileiro – ASA, como um espaço de articulação política da sociedade civil organizada, nesses 15 anos de caminhada, vem contribuindo para modificar a imagem estereotipada do Semiárido - comumente associada ao gado morto e terra rachada - por uma imagem de uma região bela, forte, resiliente e cheia de potencialidades.

Essa construção só foi possível graças às experiências acumuladas na ação da rede a partir da democratização da água, do debate sobre as sementes crioulas, sobre a construção do conhecimento, valorização e empoderamento das mulheres, entre outros elementos que fortalecem a perspectiva da convivência com o Semiárido.

É inegável a importância da comunicação nesse contexto, pois ela é responsável por materializar essa imagem, fortalecendo a autoestima dos povos e populações locais, tendo como fonte de inspiração os processos de educação popular já enraizados no Semiárido e multiplicados pelo Programa de Formação e Mobilização Social para Convivência com o Semiárido: P1MC e P1+2.

Para avançar no debate de que comunicação queremos para o Semiárido, a ASA tem realizado momentos de formação, reflexão e construção coletiva de processos para o fortalecimento dessa ação. Nesse sentido, a ASA reuniu comunicadores e comunicadoras populares, assessores e assessoras técnicas, assessores e assessoras pedagógicas, coordenadores e coordenadoras das ASAs estaduais e agricultores e agricultoras no Encontro Nacional de Comunicação, entre os dias 9 e 11 de setembro de 2014, em Gravatá, Pernambuco.

Nosso Encontro teve como pano de fundo a reflexão e alinhamento da rede ASA sobre a necessidade da democratização da comunicação para fortalecer a prática da comunicação popular e comunitária. Essa é a base para a política de comunicação da ASA que está em processo de construção e que se ampara nos princípios políticos que a articulação tem assumido ao longo da sua história.

Reconhecemos e valorizamos os investimentos que a ASA tem feito no sentido de fortalecer a comunicação popular e comunitária nas bases. Os encontros de comunicação, a inclusão dos comunicadores populares nas dinâmicas dos projetos, os intercâmbios, as sistematizações, as produções radiofônicas são resultados desse movimento.

Nesse encontro Nacional de Comunicação da Asa que tem como tema: “Comunicação Popular e Comunitária no Semiárido”, reafirmamos o papel dos comunicadores e comunicadoras populares de possibilitar a apropriação do direito à comunicação pelas famílias que protagonizam uma revolução silenciosa no semiárido brasileiro.

Debatemos que os grandes meios de comunicação, concentrados nas mãos de poucos, estão a serviço de um projeto político que oprime e invisibiliza os povos do semiárido. Por isso acreditamos ser importante a democratização da comunicação, para que os povos do semiárido, com o seu modo de falar, denunciem os conflitos e opressões e anunciem as belezas, culturas e histórias vivenciadas em cada canto do semiárido brasileiro. 
A partir destas reflexões, apontamos:

- A necessidade de visibilizar as experiências de comunicação existentes nas diversas comunidades onde ASA atua, para que possam ser intercambiadas e multiplicadas por todo o território Semiárido.

- O nosso desafio é ampliar a nossa participação em espaços onde essas questões são discutidas com outros coletivos e redes, a exemplo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e dos comitês estaduais, de maneira que possamos retroalimentar o debate e pautar as especificidades do Semiárido. 

- É fundamental o maior envolvimento de todos os atores – coordenação executiva estadual, coordenadores/as de projetos, mobilizadores/as, assessores/as das capacitações, pedreiros/as, coordenadores das organizações e todos/as que constroem a ASA no debate e prática da comunicação, compreendendo a centralidade desse direito humano para o acesso aos demais. Concretamente esse entendimento se reflete no fortalecimento das políticas de convivência com as quais trabalhamos e na própria incidência política da articulação na sociedade.

- Para garantir o fluxo de informação, maior compreensão dos processos da ASA e divulgação das ações, acreditamos ser fundamental o reconhecimento do comunicador e comunicadora popular como um ator que faz parte desta construção coletiva.

- As ASAs estaduais precisam incorporar e assumir o debate da comunicação de forma mais efetiva, para além dos produtos e processos operacionais. Acreditamos que a comunicação precisa ser reconhecida como elemento fundamental na garantia de outros direitos e na construção do modelo de desenvolvimento que acreditamos para o semiárido brasileiro.

A caminhada das comunidades, dos povos do semiárido, da ASA nos seus 15 anos, nos motiva e inspira a assumir politicamente a dimensão da Comunicação como um direito humano. Democratizar a comunicação é democratizar o sentido da vida, da luta e resistência das comunidades e dos povos do semiárido. Fortalecer a comunicação é fortalecer o nosso projeto Político de Convivência com o Semiárido.

Gravatá/PE, 11 de setembro de 2014.

ASA 15 ANOS 
Ampliando a Resistencia 
Fortalecendo a Convivência!!

 

 


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