Simpósio destaca o papel das tecnologias sociais para a convivência com o Semiárido

13/08/2014

“Água de Chuva: segurança hídrica para o século XXI” é o tema do 9º Simpósio de Captação e Manejo de Água de Chuva, que acontece em Feira de Santana entre os dias 12 e 15 de agosto. Na sua 9ª edição, o evento pretende discutir o papel da água de chuva para abastecimento da sociedade frente a problemas como poluição e escassez dos mananciais tradicionais. Para isto, o Simpósio que acontece na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), conta com uma programação variada, com a realização de minicursos, mesas redondas, palestras, sessões técnicas e de pôsteres, visitas técnicas, entre outras atividades. 

Durante os quatro dias serão discutidos o aproveitamento da água da chuva para uso agropecuário, urbano e industrial, políticas públicas para o aproveitamento dessa água, os sistemas tecnológicos, os cuidados com a saúde humana, dimensionamento de cisternas, manejo de microbacias, o impacto das mudanças climáticas, aspectos sociais e educação ambiental, dentre outras temáticas. Conforme os organizadores, o adequado aproveitamento da água de chuva passa nos dias atuais por um processo avançado de transição tecnológica que já envolve tomadores de decisão, usuários e fabricantes de materiais e equipamentos, com forte participação da academia.

No total, 370 participantes de vários estados brasileiros inscreveram seus trabalhos neste simpósio sob a coordenação da UEFS e da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Segundo um dos coordenadores do evento, professor e reitor da UFRB, Vital da Silva Paz,  um dos maiores desafios em relação ao uso adequado das tecnologias sociais “tem sido entendê-las a partir do acesso a informações, conscientizar e induzir a produção continuada de metodologias e resultados capazes de contribuir para o uso eficiente da água, bem como na melhoria das condições socioambientais do Semiárido Brasileiro”, ressalta.
 
Experiências
Abelmanto Carneiro de Oliveira, produtor de Riachão do Jacuípe, Geovânio Silva, de Retirolândia, e José Barbosa de Souza Filho, de Sobradinho, que possuem tecnologias sociais da Articulação Semiárido Brasileiro - ASA, falarão de suas experiências exitosas em relação ao uso adequado das mesmas, em mesa redonda que acontecerá no dia 15 de agosto, no Auditório Central da UEFS.

Na propriedade de Abelmanto Carneiro, por exemplo, existem três tipos de tecnologias de armazenamento de água, instaladas pela ASA, com apoio do Movimento de Organização Comunitária – MOC. A cisterna de 16 mil litros que acumula água da chuva para beber e cozinhar. A cisterna-calçadão de 52 mil litros para produzir alimentos e matar a sede de animais. E a barragem subterrânea, que barra a água que infiltra mantendo o solo úmido por um período mais longo, permitindo o cultivo mesmo quando as chuvas deixaram de molhar a terra há algum tempo. Em uma de suas inúmeras entrevistas sobre como enfrenta os desafios trazidos com a seca, Abelmanto disse que se sente mais seguro, mais tranquilo, porque a seca não é um problema, é um desafio. “Se a gente vê como um problema, se acomoda. Se é um desafio, nós podemos também desafiá-la”, assegura o agricultor agroecológico, que ainda cede a água acumulada na cisterna-calçadão para famílias vizinhas.

O Simpósio é promovido pela Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva, acontece a cada dois anos e reúne centenas de pesquisadores, técnicos, professores, estudantes e produtores de todas as regiões do país. O 1º Simpósio aconteceu em 1997, em Petrolina-PE, idealizado pela Embrapa Semiárido e o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA).


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