Equipe técnica do MOC aprofunda conhecimentos sobre a temática de convivência com o semiárido

02/04/2014


De 31 de março a 03 de abril membros da equipe técnica do Movimento de Organização Comunitária (MOC), que atuam no âmbito do fortalecimento da agricultura familiar e da água e segurança alimentar, estão reunidos na Pousada Central em Feira de Santana para participar da Oficina Técnica de Formação sobre Convivência com o Semiárido.

A atividade busca apresentar as ações dos programas da entidade, bem como as atividades dos projetos no campo da agricultura familiar, água e segurança alimentar e também a equipe técnica que participará do processo de execução das ações. Integrantes da sociedade civil, de entidades parceiras como sindicatos do trabalhadores/as rurais, associações e das comissões municipais de recursos hídricos também participam da atividade nos três primeiros dias, com o objetivo de discutir de forma coletiva e integrada o trabalho em 2014.

Com foco na discussão sobre a convivência com o semiárido, a atividade discutiu questões sobre a importância de ações conjuntas para o desenvolvimento sustentável solidário e participativo do semiárido. Ações integradas para acesso à água, acesso à terra,acesso ao crédito agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional,agroecologia, economia solidária, relações sociais de gênero, educação contextualizada, entre outras.

O coordenador Executivo da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) Naidison Baptista mediou alguns momentos importantes do evento, onde trouxe algumas das suas experiências sobre os movimentos sociais e convivência com o semiárido. Durante a sua participação ele reforçou sobre a importância da mobilização social e da sociedade civil na luta pela garantia dos direitos e sobre a necessidade de políticas estruturantes para a região. Ele apresentou também sobre a trajetória do MOC e da Articulação Semiárido (ASA) e as suas organizações na busca por ações voltadas para o semiárido e a sua gente. “ É preciso difundir a política de convivência com o semiárido. E a ASA quer interferir na política e mostrar aspectos importantes da convivência com o semiárido. Propor, executar e monitorar ações que promovam a cidadania e os direitos das pessoas”, completa.

A Oficina Técnica está pautando também sobre algumas questões que ameaçam a convivência com o semiárido e a necessidade da sociedade civil organizar-se para enfrentá-las. São elas: as cisternas de plástico, o uso abusivo dos agrotóxicos e as sementes transgênicas que chegam a região.

O debate sobre as cisternas de plástico foca na inviabilidade desses reservatórios para o semiárido, que além de custarem mais caros que as cisternas de placas de cimento, não trazem nenhum tipo de mobilização social nem envolvimento das comunidades.Na maioria das vezes elas se deterioram por não suportarem as altas temperaturas do clima quente e o material polietileno (o plástico) é uma substância que contamina a água desses reservatórios, pois com o calor e o contato direto com o plástico a água acaba perdendo a sua composição química original.O MOC e a ASA integram a campanha: Cisternas de Plástico – Somos contra e buscam somar esforços para não permitirem que esses reservatórios sejam distribuídos para os municípios e comunidades do semiárido.

Sobre a questão do uso abusivo dos agrotóxicos a oficina vem pautando sobre a necessidade do fortalecimento de políticas voltadas para a agricultura familiar e a agroecologia. Políticas que permitam aos agricultores/as familiares a produção e a comercialização da sua produção de alimentos saudáveis, sem uso de produtos químicos, os chamados alimentos agroecológicos que são produzidos de maneira sustentável e garantem uma alimentação saudável. Também no âmbito da agroecologia, na perspectiva da convivência com o semiárido, a oficina pauta sobre a preservação das sementes crioulas e criação dos bancos de sementes comunitários.

As sementes crioulas, ou sementes as paixão, como também são chamadas, são sementes originárias da própria região semiárida e garantem a produção de alimentos saudáveis e que se identificam com o clima e as particularidades da região. São as sementes tradicionais, cultivadas pelos agricultores/as familiares, que envolvem também aspectos culturais e históricos da região.

A Oficina de Formação Técnica sobre Convivência com o semiárido segue com programação até amanhã dia 03 de abril e o seu objetivo principal é permitir o aprofundamento das temáticas e discussões acerca do semiárido, reforçando que o Semiárido é uma região viável, com muitas oportunidades e alternativas e onde é possível ter dignidade e uma vida feliz.

 



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