Jovens comunicadores trocam experiências sobre comunicação, cultura e convivência com o semiárido

14/08/2013

Um grupo de cerca de 30 jovens comunicadores do semiárido baiano teve a oportunidade de na última semana visitar e trocar experiências sobre comunicação no estado do Ceará.  Formado por jovens comunicadores e educadores/as o grupo que participou do intercâmbio faz parte do Projeto Comunicação pelos Direitos que é realizado pelo Movimento de Organização Comunitária (MOC) com o patrocínio do Programa Petrobras  Desenvolvimento e Cidadania. 
 
A viagem de intercâmbio foi realizada entre 05 e 08 de agosto e teve como destino a cidade cearense de Nova Olinda. Um lugar agradável e tranquilo de clima quente, típico do Sertão e onde funciona a Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Cariri. Foi nesse espaço onde o grupo permaneceu boa parte da viagem, conhecendo e trocando experiências sobre comunicação, cultura e histórias de vida.

Fundação Casa Grande - Fundada desde o ano de 1992, a Casa Grande é um espaço onde circulam os ares da história, cultura e imaginação do povo cearense. A região tem suas origens a partir dos índios Kariris e a as histórias que ali existem são muitas.  No antigo casarão azul, que existe desde o século XVII funcionam: o Museu do Homem Kariri, biblioteca, gibiteca, dvdteca, laboratório de arqueologia, TV comunitária, rádio comunitária, além do belo Teatro Violeta Arraes. Uma organização sem fins lucrativos, que funciona com o apoio de projetos sociais a Fundação tem a participação voluntária da comunidade e meninos e meninas que participam das atividades da entidade. O trabalho da Casa Grande é organizado e gerido pelos jovens e crianças que integram as ações. Tudo muito organizado e onde cada jovem ou criança é livre para escolher as habilidades que mais lhe identificam ou serão responsáveis. 

Logo na chegada a Casa Grande, grupo de visitantes do semiárido baiano foi recepcionado pelo jovem Helio Filho e as crianças Daniel, Filipinho e Glauber. Eles apresentaram um pouco das suas histórias e como chegaram e ainda permanecem no espaço da Casa. O mais velho entre os representantes da fundação Helio Filho, com 25 anos de idade, contou que chegou na Fundação aos oito anos de idade  é naquele espaço onde se identifica e busca as suas oportunidades. “Eu ia passando na rua, um amigo meu me convidou para conhecer a casa e no primeiro dia já me chamou para fazer um programa de rádio. Eu não sabia o que era um programa de rádio e logo no primeiro dia já operei a mesa de som e a fazer o programa de rádio. Ai a partir daquele dia comecei a frequentar a casa , a brincar no espaço da casa e estou aqui até hoje, cheio de projetos e sonhos”, completa.

Durante a visita de intercâmbio o grupo conheceu todos os espaços da Fundação Casa Grande, além do funcionamento e algumas produções do núcleo de vídeo e da Rádio Casa Grande. Os jovens conheceram também sobre algumas plataformas digitais na internet de simples e fácil acesso, desenvolvidas pela Fundação que buscam valorizar os aspectos culturais e artísticos do povo cearense. A experiência da Casa Grande é toda pautada na valorização da educação, dos direitos das crianças e dos adolescentes, na cultura e nos saberes dos povos do sertão.

Trabalho que encantou os jovens comunicadores do Projeto Comunicação pelos Direitos, realizado no semiárido baiano, a exemplo do jovem Breno Santiago do município de Retirolândia na Bahia. “Uma experiência, incrível, muito produtiva, onde aprendi várias coisas sobre comunicação, história e cultura”, afirmou.
 
Para a educadora Normandia Lima do município de Ichu a experiêcia da Fundação Casa Grande é um aprendizado muito enriquecedor, onde foi possível trocar muitos conhecimentos e que com certeza vai permitir  a ela levar um pouco desse conteúdo para a prática  do seu dia-a –dia. “Trouxe muito aprendizado tanto no campo do trabalho, como no campo pessoal, pois mostra que é possível fazer comunicação  e trabalhar educação de uma forma simples e participativa.

Durante a visita de intercâmbio os participantes também tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre a cultura e as histórias da cidade de Nova Olinda. Conheceram o artesão em couro Seu Expedito Seleiro, morador da cidade e famoso em todo o Brasil pela produção de suas peças de couro, que traduzem e levam a cultura do sertão  para a apresentação de diversos artistas e na mídia. A propriedade de Seu Zé de Artur, agricultor familiar também foi um dos pontos de parada do grupo de visitantes. O agricultor trocou experiências sobre convivência com o semiárido, agroecologia, desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente.

O intercâmbio foi uma atividade que proporcionou diversas trocas de conhecimentos e além de tudo, o conhecimento de histórias de vida, de força de vontade e superação. Histórias que mostraram que é possível conviver bem com o lugar onde se vive, respeitando as diferenças e buscando sempre melhorias sustentáveis. Todos os participantes voltaram para as suas casas felizes pelo conhecimento das experiências, pela troca de saberes e refletindo sobre as diversas lições e exemplos de vida, comuns também as suas histórias e realidades, daquela pequena cidade do interior do Ceará.


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