MOC completa 45 anos valorizando e respeitando as pessoas do campo

04/10/2012

Completando 45 anos de história, trabalho e lutas o Movimento de Organização Comunitária (MOC), tem em sua trajetória enfrentado diversos desafios e também diversas conquistas.

Uma dessas conquistas que até os dias de hoje vem contribuindo para criar melhorias e mudanças para as pessoas do campo, começa a partir da década de 80 e é a fundação da Associação dos Pequenos Agricultores do Estado da Bahia (APAEB).

Nascida em julho de 1980 a APAEB veio para ajudar os pequenos agricultores e agricultoras familiares a se organizar, melhorar a produção e conquistar os espaços de comercialização. Esse trabalho se intensificou nos municípios de Feira de Santana, Serrinha, Anguera, Araci, Santa Bárbara, Ichu e Valente.

Assim como os sindicatos dos trabalhadores rurais dos municípios, as APAEBS foram fundamentais para a implementação das políticas públicas no campo e para assessorar os agricultores e agricultoras familiares. O MOC fez parte desse processo, assim como outros movimentos populares e sociedade civil.

Seu Antônio José de Serrinha, relembra essa época como fundamental para a conquistas das diversas políticas públicas e melhorias que se encontram no campo atualmente. “O surgimento das APAEBS foi fundamental para a organização da produção e comercialização dos agricultores. Com a assessoria das APAEBS, as pessoas começaram a ganhar autonomia e a conquistar os seus espaços”, afirma”.

Para seu Antônio José, o trabalho exercido pelas APAEBS e pelos sindicatos dos trabalhadores rurais são ações contínuas, que foram acontecendo aos poucos, e a partir disso, foram surgindo mudanças e melhorias para os agricultores e agricultoras familiares.

Seu José Cassiano Pereira da Silva, que também já fez parte da APAEB e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Feira de Santana, também se recorda dessa época, como uma época de luta, desafios, que contribuíram para muitas conquistas presentes nos dias de hoje. Ele relembra que o MOC foi fundamental nesse processo, pois era a entidade que puxava as discussões, as capacitações e articulava as pessoas para buscar os seus direitos e acessar as políticas públicas. “Os agricultores não acreditavam, na sua própria classe, tinham uma auto-estima muito baixa, e o MOC contribui para reverter essa situação e para chegar ao cenário de avanços que temos hoje”, completa.


Cooperativismo e o acesso ao crédito – Outras conquistas, que podem ser destacadas ao longo da trajetória de trabalho do MOC são a criação das cooperativas de crédito para atender as necessidades dos agricultores e agricultoras familiares. Criadas a partir dos fundos rotativos de crédito (um fundo para pequenos empréstimos), já em meados da década de 90, as cooperativas permitiram aos agricultores e agricultoras familiares acessarem linhas de crédito para melhorar a sua produção.

Seu Antônio José, que faz parte da ASCOOB de Serrinha, relembra que, antes das cooperativas era praticamente impossível um agricultor/a acessar linhas de crédito. “As cooperativas surgiram  diante das discussões puxadas pelo MOC e outros atores, para atender as necessidades dos agricultores e expandir a produção e as suas atividades”, completa.

Desta forma, organizados em cooperativas os agricultores/as passaram a acessar ao crédito e começaram a investir na propriedade e em pequenos comércios.

Após a criação das cooperativas, surgiu a necessidade de um sistema central, que acompanhasse de perto todas as cooperativas menores, pois antes o sistema que acompanhava essas cooperativas era um sistema central da região sul da Bahia, que não se encaixava nas características e particularidades do sertão.

O próximo passo foi então criar a ASCOOB Central, uma central de cooperativas que atualmente regula as cooperativas alocadas no sertão. A ASCOOB Central fica assistida pelo Banco Central, e assim o trabalho das cooperativas flui da melhor maneira possível.

Graças a organização, dedicação e vontade das pessoas esse trabalho tem dado muito certo e é grande o número de pessoas e famílias  que têm acessado ao crédito e melhorado a sua qualidade de vida.



Trabalho que continua – Todos esses avanços, conquista de espaços, de políticas são frutos de um trabalho contínuo, um trabalho de transformação, de envolvimento e articulação de grupos e pessoas. É um trabalho de movimento, de organização e que não existiria se não estivessem presentes os sujeitos do campo, das comunidades rurais. É um trabalho de luta, superação e reconhecimento, que o MOC tem o prazer de fazer parte nos seus 45 anos de vida!




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