Agricultores e agricultoras familiares trocam experiências sobre convivência com o semiárido em Barrocas

25/07/2012

Agricultores e agricultoras familiares estiveram reunidos nos dias 24 e 25 de julho no município de Barrocas, para trocarem experiências sobre agricultura familiar, relações sociais de gênero e desenvolvimento rural sustentável. O intercâmbio foi uma realização do Movimento de Organização Comunitária (MOC) com o apoio da Heifer e reuniu cera de quarenta agricultores/as familiares que discutiram sobre questões como convivência com o semiárido e a importância da organização das comunidades para alcançar a sustentabilidade .

Durante o primeiro dia de intercâmbio, os participantes foram divididos em dois grupos e visitaram a comunidades de Lajedinho e Barreiros. Na primeira o grupo conheceu um pouco da história da comunidade, o processo de organização política e a fundação da associação comunitária. Conheceu também a experiência do grupo de produção de mulheres Delicia da Terra e a propriedade das agricultoras familiares D. Zefinha e D. Santinha.

As duas são mãe e filha e moram na comunidade, desde que eram pequenas, acompanharam todo o processo de desenvolvimento do lugar e a articulação política e social dos moradores, o que hoje faz a comunidade ser conhecida em todo o município, como um exemplo de perseverança e de força de vontade.

D. Santinha conta que há cerca de oito anos atrás, as pessoas mal ouviam falar sobre a comunidade de Lajedinho, e a vida era difícil pois as formas de sobrevivência não eram muitas e o dinheiro que chegava nas casas era trazido pelo trabalho dos maridos, que saiam para trabalhar em outras propriedades e empresas da região. O pouco que se plantava, não era bem aproveitado, pois não existia nenhuma técnica e os moradores também não se articulavam para que surgissem outras oportunidades na comunidade. Ela afirma, que hoje tudo está melhor, graças aos projetos que tem chegado ao local, de construção de cisternas, assistência técnica rural, formações e discussões que tem envolvido e mostrado a união e a organização de Lajedinho. “Antigamente as pessoas não sabiam o que era plantar, não sabiam que podiam ter em casa hortas e fazer coisas que gerassem dinheiro”, afirma.

Hoje D, Santinha faz parte do grupo de produção e também tem em sua propriedade criação de pequenos animais e planta hortaliças junto com a família, que contribuem parte da alimentação da casa e também são vendidas na feira e complementam a renda.

Organização Comunitária- Prova dessa mudança na comunidade de Lajedinho, como avalia D. Santinha é justamente a organização dos moradores e o trabalho da Associação Comunitária. Antigamente a mobilização social da comunidade era pequena, com pouca participação, as reuniões muitas vezes aconteciam em baixo de uma árvore, e hoje já existe uma sede para a associação, construída em um terreno doado e com mutirão dos moradores, e nessa sede funciona o grupo de produção de mulheres Delícia da Terra, que produz polpas de frutas, cocadas e sabão e assim comercializa e gera renda para as famílias.

Nilda dos Anjos, jovem multiplicadora de Lajedinho, também acompanhou de perto as dificuldades que a comunidade já passou e relembra com orgulho o esforço das pessoas para se organizarem, fundar a associação e o grupo de produção. Ela afirma que toda essa mudança aconteceu graças ao apoio de parceiros como o MOC, a Heifer, Ascoob, sindicato e prefeitura. “Graças as parcerias a comunidade tem participado de vários espaços, vários projetos e vem trocando experiências, participando de intercâmbios e capacitações”, completa.

Para Nilda essa transformação de Lajedinho foi fundamental também, graças ao envolvimento e a participação de todas as pessoas da comunidade. Ela acredita que se não houver união não existe organização e que o trabalho só tem sucesso se todos tiverem vontade de caminhar e seguirem juntos.

O outro grupo de agricultores/as que participou do intercâmbio visitou a propriedade de Seu Henrique Pereira, na comunidade de Barreiros. A comunidade também é beneficiada por ações do MOC, da Heifer e Seu Henrique avalia que nos últimos anos também houve grandes mudanças, graças as trocas de experiências, principalmente sobre os princípios da agroecologia e convivência com o semiárido. Ele tem em sua propriedade a horta, cria pequenos animais e afirma que mesmo com os desafios é possível viver com qualidade e conviver com o semiárido. “Graças as parcerias e as trocas de experiências, aprendemos a conviver com o semiárido, melhorar a produção e ter uma melhor qualidade de vida”, conclui.

No segundo dia do intercâmbio de agricultores e agricultores também foram apresentadas diversas experiências, sobre sustentabilidade, agricultura familiar e agroecologia. Os participantes reforçaram a necessidade da valorização dos princípios da solidariedade do cooperativismo, da organização social e da troca de saberes para chegar ao desenvolvimento rural sustentável.


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