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Mais de 35 toneladas de silagem fortalecem a agricultura familiar e garantem segurança alimentar para os rebanhos no Semiárido
06/10/2025
Na
comunidade rural de Sítio Novo, em Santaluz, a agricultura familiar vem
encontrando novas formas de garantir alimento para o rebanho durante os
períodos de estiagem. Uma dessas alternativas é a produção de silagem,
tecnologia que permite estocar forragem e assegurar segurança alimentar para os
animais nos meses de menor disponibilidade de chuva realidade comum no
Semiárido brasileiro.
Somente
neste ano, mais de 35 toneladas de alimento foram armazenadas no município
de Santaluz, resultado direto da ação do Movimento de Organização Comunitária
(MOC), por meio do Projeto ATER Biomas, desenvolvido com apoio do Governo do
Estado da Bahia. O dado reflete o impacto concreto da assistência técnica e do
planejamento coletivo.
O
agricultor Paulo Silva, acompanhado pelo projeto, é um dos exemplos de como o
acesso à assistência técnica tem transformado a rotina no campo:
“A
palma tem tido uma deficiência em reação, porque você corta ela no ano e ela
não consegue recuperar. Então, a silagem que a gente tem feito aqui tem ajudado
bastante nessa questão do consumo mesmo. Você consegue aliviar aí por um
período, e isso impacta diretamente na sobrevivência minha e da minha família.
Impacta bastante, porque eu diria que é uma ponta de esperança, porque há
tempos atrás o Semiárido era visto como o patinho feio do Brasil. E hoje eu
acho que é uma ponta de esperança. Você conseguir produzir o próprio alimento
que o seu animal consome, é 100%, é tudo.”
O
técnico do MOC, Mayco Farias, que acompanha as famílias da região, reforça que
o trabalho conjunto tem gerado resultados concretos:
“Antes,
as famílias faziam silagem de forma tímida. Hoje, conseguimos ampliar saímos
de uma produção de 3 mil quilos para 6 ou 7 mil quilos anuais. Isso é fruto de
orientação técnica, de planejamento e de muito diálogo. A gente chega nas
propriedades não para impor, mas para escutar e construir junto. O resultado é
que as famílias estão mais organizadas e preparadas para os períodos de
estiagem.”
Mayco
destaca ainda que o acompanhamento técnico fortalece não apenas a produção, mas
também a organização comunitária e o protagonismo das famílias agricultoras:
“Quando
o agricultor ou a agricultora entende o processo, ele se torna protagonista.
Hoje temos famílias com até quatro tarefas de palma e silagem suficiente para
manter o rebanho com segurança. É alimento guardado, é tranquilidade
garantida.”
A coordenadora
do Projeto ATER Biomas no MOC, Ana Dalva Santana, detalha a estratégia da
organização para apoiar as famílias e consolidar práticas sustentáveis no
Semiárido:
“O
MOC, através do Serviço da Assistência Técnica e Extensão Rural, aqui no
território do Sisal, especificamente através da ATER Biomas, com apoio do
Governo do Estado, tem pensado e planejado junto à equipe técnica práticas e
técnicas que venham dar melhores estratégias aos agricultores e povos rurais.
Aqui, na realidade que estamos visitando hoje, vimos uma propriedade com
planejamento de reserva alimentar. Um agricultor que tem diversidade em sua
roça, já pensando em outra estratégia, que é a palma, e potencializando aquilo
que eles têm de maior condição, como a silagem a partir do capim, do sorgo e do
milho.”
Segundo
Ana Dalva, o trabalho técnico tem garantido resultados expressivos:
“Este ano conseguimos contabilizar, especificamente aqui no município de Santaluz, mais de 35 mil quilos, a partir da orientação técnica, com os agricultores guardando esse alimento. Aproveitaram o período das chuvas e, agora, com o período de estiagem, estão com alimento guardado, o que dá condições melhores de vida no campo. Essa é a estratégia do MOC: possibilitar conviver melhor com o período, conviver melhor com o Semiárido e tornar a labuta das famílias rurais mais leve e tranquila.”
Com a silagem, agricultores e agricultoras como Paulo têm conseguido atravessar os dias de estiagem com mais tranquilidade, mantendo os animais alimentados, reduzindo custos e fortalecendo sua produção. É a prova de que o Semiárido não é um lugar de carência, mas de potência, onde a vida se reinventa a cada estação. E é justamente esse o papel do MOC: transformar conhecimento em autonomia, acompanhamento em esperança e permanência digna no campo. Porque, quando a convivência se torna prática e a organização comunitária floresce, o Semiárido deixa de ser visto como limite e passa a ser reconhecido como o que sempre foi um espaço de vida, resistência e futuro.
Texto: Alan Suzarte