Fazendo da seca uma oportunidade

10/06/2011

Nos dias 09 e 10 de junho 30 famílias dos municípios de Araci e Quijingue que receberam recentemente cisternas de produção, através do convênio entre o MOC e a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), participaram de uma visita de intercâmbio à propriedade dos agricultores Eduardo Emídio e Isabel Cristina que moram na comunidade de Barreiros, em Riachão do Jacuípe.

O casal há 12 anos desenvolve a agroecologia numa propriedade de 55 tarefas, que contém área de mata primitiva, caatinga raleada e riachos preservados. Tudo isto levou a família de Eduardo e Isabel a desenvolver o projeto Produzir e Preservar que, de acordo com os agricultores, tem o objetivo de mostrar o valor que a agricultura familiar tem.

Produzindo mais e melhor – Há um ano a família Santos foi beneficiada com a cisterna calçadão e desde então eles estão produzindo mais e melhor. Durante o intercâmbio o agricultor Eduardo Emídio revela o segredo para tanto sucesso. Para ele, é necessário fazer planejamento e saber como utilizar os recursos naturais existentes na propriedade.

Antes da cisterna, a água utilizada para a produção e dessendentação dos animais era a do barreiro, onde ele cria tilápia e traíra. No entanto, a chegada da cisterna calçadão não substituiu o barreiro. “Quando temos água no barreiro nós a utilizamos e deixamos a da cisterna guardada. Se faltar no barreiro, a gente passa a utilizar a da cisterna”, disse Eduardo que mantém mais de 100 animais entre caprinos, bovinos e ovinos.

Debaixo de um sol forte, o agricultor mostra a horta convencional, que foi molhada há dois dias. Com uma cobertura de solo, feita de bagaço, de folhas da caatinga, ele consegue uma adubação melhor, mantendo o solo molhado por mais tempo. As hortas são adubadas antes do plantio. A adubação é feita com composto orgânico ou com esterco curtido e depois regado com o bio fertilizante. “Com essa adubação que nós fazemos conseguimos resultados bons, como três beterrabas pesando juntas 1 kg. Além disso, estamos alcançando coentro com meio metro de altura”.

“A propriedade gira em torno da propriedade. Os caprinos, ovinos e bovinos geram adubo para as hortaliças, as hortaliças por sua vez são usadas para os animais, então vamos formando um ciclo, conseguindo um melhor resultado usando os elementos naturais que nós temos”, conta.

Moradora da comunidade de Lagoa dos Cágados, em Quijingue, a agricultora Joana Cavalcante dos Reis, que recentemente recebeu uma cisterna de produção, foi convidada para participar do intercâmbio. Para ela, mesmo trabalhando tantos anos com a terra, a visita proporcionou conhecer novas experiências. “Meu pai cria cabra totalmente diferente do que ele cria aqui. A cabra do meu pai dá meio litro de leite e a de Eduardo consegue dá 6 litros. Isto é por causa da maneira dele cuidar, de alimentar, dando ração, dando sal mineral, por isso as cabras estão bem desenvolvidas”, disse Joana.

Coordenadora do Projeto Cisternas, Ana Glécia afirma a importância de realizar os intercâmbios. “O intercâmbio é o momento de troca onde os agricultores e as agricultoras tem a oportunidade de conhecer experiências de convivência com o semiárido e valorização da agricultura familiar”.

Transformando a seca em oportunidade – Para Eduardo Emídio o agricultor não pode enxergar na seca dificuldades, mas, fazer dela uma oportunidade. Oportunidades que são percebidas na qualidade dos alimentos e dos animais. “Produzimos alimentos no período da chuva para ter esse alimento no período da seca. No momento que a carne e o leite tem uma maior valorização, tem alimentação para esses animais e com isso você vai conseguir produzir e transformar a seca em oportunidade, porque ao invés de você comprar alimento no período da seca e não ter o animal para vender, você vai ter o alimento a custo zero e vai ter um animal, um produto carne ou leite para você vender com um valor agregado maior. Nesses 12 anos eu ganho mais dinheiro no período da seca do que na chuva”, finaliza o agricultor revelando que o segredo está em se organizar para conviver com o período da seca.

 


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