Encontro valoriza e proporciona espaço de troca de experiências entre agricultores

29/04/2011

Teve início no dia 27, na cidade de Pesqueira, em Pernambuco, o II Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores Experimentadores da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA Brasil).  O evento conta com a participação de cerca de 300 agricultoras e agricultores de dez estados do Semiárido brasileiro, técnicos das instituições que formam a ASA e representações de agricultoras e agricultores de países da América Latina.

O objetivo do encontro é reunir as experimentadoras e os experimentadores, apresentar seus trabalhos, promovendo um espaço de intercâmbio e troca de saberes. A abertura foi marcada por uma mística que acolheu as/os participantes com dinâmicas de integração. Animados por repentistas, o grupo cantou e dançou ao som de músicas regionais. Em seguida, houve partilha de sementes da agricultura familiar do Semiárido.

“O momento da partilha representou o interesse das agricultoras e agricultores de terem e conhecerem uma diversidade de sementes, com a troca de produtos típicos de cada região”, destaca Anaci Maria Barboza Santos, de Minas Gerais.  

O grupo de maracatu rural Sinhá, constituído por filhos de agricultoras e agricultores familiares, encerrou a manhã do primeiro dia ao som das alfaias, instrumento típico dessa manifestação cultural.


Mesa debateu inovações da agricultura familiar- Um público atento e animado participou da mesa-redonda que debateu o tema “As inovações da agricultura familiar na construção da política de convivência com o Semiárido”.Para contribuir com a discussão a mesa foi composta por representações de agricultores, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Conselho Nacional Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e da Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA).

Dona Maria José Dias, agricultora da comunidade de Malhada Branca, em Buíque-PE, fez uma reflexão de como, a partir da chegada dos programas da ASA, as pessoas se sentiram mais estimuladas enquanto cidadãs. “Os programas da ASA não são apenas de construção de cisternas, são de construção da cidadania. Muitas vezes o dinheiro dos impostos não chega até a população, com esse trabalho da ASA temos um resgate da dignidade com os projetos. A partir dos cursos de Gerenciamento de Recursos Hídricos, dos intercâmbios, as pessoas se despertaram para estudar”, afirma Maria José, feliz com as transformações.

Também trazendo elementos importantes para construção da política de convivência com o Semiárido, Irio Luiz Conti, do CONSEA, chama atenção para o aproveitamento de espaços importantes de elaboração dessas políticas, como as conferências de segurança alimentar e nutricional, que acontecem este ano. “Essas conferências (municipais, estaduais e a nacional) estão trazendo um diferencial, pois queremos tratar as políticas de segurança alimentar como políticas de Estado. Propor que o município tenha seu próprio plano e lei para comercializar os produtos de forma correta e sustentável. Estamos no caminho certo, mas temos um desafio que é avançar em políticas que ainda são pontuais para políticas que sejam universais e beneficiem a todos’’, ressaltou Conti.


O encontro, segundo Naidison Baptista, coordenador executivo da ASA, é um ato político e também comemorativo. “É um ato político de fundamental importância e também uma comemoração, pois celebra uma caminhada significativa que todos nós estamos fazendo, em especial os agricultores e agricultoras aqui presentes, que cada vez mais ensinam e aprendem a conviver com o semiárido, respeitando o meio ambiente, transformando-o em um lugar viável para se viver, mudando a sua cara. As 400 mil cisternas já construídas significou mais de dois milhões de pessoas que deixaram de beber água com lama, tendo acesso a água limpa e de qualidade”, afirma Naidison Baptista.


O Segundo dia do evento foi marcado por visitas de intercâmbios e oficinas com os agricultores/as experimentadores/as. A Bahia está sendo representada por uma delegação de 48 pessoas, com agricultoras e agricultores experimentadores, como Abelmanto Carneiro e Eduardo Emídio, de Riachão do Jacuípe, Gleide Paixão de Macajuba e Valdir Santos, de Baixa e Grande, entre outros do Estado.
Para o encerramento hoje (29) está prevista uma mesa de debate sobre o tema “O papel dos agricultores experimentadores na construção de políticas para o Semiárido” e um ato celebrativo.


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