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MOC realizou Seminário Regional sobre Perspectivas das Juventudes Rurais na construção de um Sertão Justo
13/04/2019
JUVENTUDE É
REVOLUÇÃO! Esse foi o grito que ecoou e animou jovens de diferentes municípios
dos Territórios do Sisal e Bacia do Jacuípe, reunidos/as durante os dias 11 e
12 de abril em Conceição do Coité, no Seminário Regional sobre Perspectivas das
Juventudes Rurais na construção de um Sertão Justo, realizado como parte das
ações do Projeto Parceiros/as Por um Sertão Justo, desenvolvido pelo Movimento
de Organização Comunitária (MOC), em parceria com Actionaid Brasil, com apoio nesta atividade ainda da KNH.
O seminário foi
marcado pela alegria, troca de saberes e construção coletiva a partir do
compromisso dessa juventude, que como diz Gonzaguinha, não corre da raia a
troco de nada. E teve como guia propósitos como: promover diálogos e
compartilhamento sobre os sonhos individuais e coletivos que movem o caminhar
das juventudes, intercambiar ideias sobre temáticas de interesses das
juventudes, assim como refletir sobre a perspectiva do “Sertão que temos x o
Sertão que queremos” a partir da ótica das juventudes, teve ainda a integração
intergeracional entre crianças/adolescentes, juventudes, adultos e lideranças
das organizações parceiras na luta pelos direitos, análise da Conjuntura
Política do ponto de vista das juventudes, refletindo os impactos nas suas
vidas, além de reflexão sobre as trincheiras de luta e resistência das
juventudes, desafios e perspectivas para re’existir em tempos sombrios, e a elaboração
de propostas de desdobramento municipal com uma agenda de compromissos ‘de
jovens com e para jovens’.
Com ciranda,
cantoria e muitos risos se fez uma dinâmica de integração e apresentação dos/as
participantes/municípios, depois uma explanação sobre a programação da proposta do
seminário. E logo após, os/as jovens se dividiram em grupos por cores (que
formou um arco-íris) para pensar sobre os sonhos (coletivos e individuais) que
se têm no contexto do Sertão, nas terras onde vivem.
Como resultado desses
desejos para a vida, foi fortemente destacado o acesso à universidade, sobre as
oportunidades de mercado de trabalho, como também de ocupar mais espaços e ter
mais políticas públicas, que garantam os direitos humanos desse público, em
palavras um mundo com mais: oportunidades, lazer, educação, solidariedade,
justiça, igualdade, protagonismo, segurança, saúde, amor, respeito a
diversidade, agroecologia, feminismo, liberdade, família, vez, voz e
resistência. São sonhos dessas juventudes, que historicamente até no contexto
atual são negados, principalmente os que precisam do Estado para serem
garantidos.
Em outro momento
ainda do primeiro dia, teve a construção de painéis imagéticos sobre: “O Sertão que Temos X O Sertão que Queremos”,
explorando a criatividade da turma em desenhos e palavras que refletiram e
mostraram sobre a proposta. Foi colocado nesses espaços na linha da atividade
anterior, sobre a precaridade do que se tem, que não garante direitos com
justiça, equidade, autonomia, democracia e oportunidades para a Juventude nas
terras do Sertão, abordando ainda sobre como as grandes mídias apresentam este
chão, como lugar de miséria e gente preguiçosa, deixando de lado os saberes,
sabores, as culturas, as artes e tudo que no Sertão pulsa. E o Sertão que Queremos foi exposto como um lugar feliz e rico em possibilidades.
“Gratidão por esse dia e por esse caminho que vocês construíram”, disse Vandalva Oliveira (Coordenadora Pedagógica) emocionada pela
construção maravilhosa realizada pelas Juventudes Rurais, no primeiro dia de
Seminário.
“Vocês disseram que
ouviram de país e avós, que precisam estudar e sair daqui para ser gente, isso
me lembrou a fala de um menino que disse assim ‘eu fui incentivado a sair daqui
e eu decidir que eu vou mudar isso aqui’. Eu acho que vocês trouxeram isso no
coração e na alma de vocês. E eu quero
que vocês sejam muito felizes nas escolhas de vocês, por que eu acredito que
juventude é uma etapa da vida de fazer escolhas, pelo direito de escolher (...).
Sair desse lugar não pode ser a única alternativa, precisa ter outras, eu acho
que é esse Sertão que vocês estão buscando construir e que a gente ouviu no dia
de hoje, tanto na perspectiva dos sonhos como na perspectiva da realidade e do
que queremos tornar real, entendendo que essa realidade que queremos não vem
pronta, ela é uma construção coletiva, do nosso dia a dia”, enfatizou Vandalva
Oliveira.
NOITE
CULTURAL || E não poderia faltar uma noite cultural, batizada como
Sarau dos Sertões, para despertar ainda
mais alegrias, sorrisos, afetos, amizades e muitas resenhas, recheada de muitas poesias, músicas, sabores e encantos.
O segundo dia, começou com dinâmica e retrospectiva de memória das lições do dia anterior. Seguindo com Análise da Conjuntura Política do ponto de vista das juventudes, com a contribuição de Clécia Silva (COOPEJER) e Rúthila Araújo (Historiadora/UNEB).
Clécia Silva iniciou
sua fala, abordando o que a fez se envolver em movimentos que busca o protagonismo
rural para a juventude, como estudos que realizou nesta linha, sobre suas inquietações
de ver a falta de oportunidades para os/as jovens rurais. Levou ainda seu olhar
sobre a atual conjuntura e como os direitos negados pelo Estado reflete na vida
das Juventudes, que já vem de um processo de desigualdade, que permite desviar
caminhos e sonhos para mundos sem volta.
Foi destacado ainda a importância
do Estatuto da Juventude instaurado em 2013, que começa a integrar os processos
da instituição, e esses sujeitos se tornam sujeitos de direitos. “A gente
percebe como existe uma lacuna para a Juventude, o Brasil existe há 500 anos e
só em 2005 que esses sujeitos começam a ser percebidos, olha o tempo escasso
que a juventude sofre invisibilidade”, frisou Clécia Silva.
Rútila Araújo
com seu olhar de jovem historiadora, abordou sobre a conjuntura partindo do
contexto histórico da ditadura, fazendo ligação para a realidade atual que vem assustando
com a dimensão de retrocessos e percas de direitos, se concretizando mais a cada dia,
além dos gritantes números de juventudes negras que são excluídas e
descriminadas, e diversas vezes muitas vidas se perde nesse processo de desigualdade
e ameaças. Lembrando ainda das lutas para que jovens rurais tenham acesso à
universidade, e como isso vem sendo ameaçado, por receios que esse público
conquiste novos espaços e seja seres pensantes, formadores de opiniões e de uma
sociedade mais justa. “O mais incrível desse seminário que ele está sendo
construído por nós e isso nos torna mais forte para resistir e lutar”, destacou Rúthila sobre a importância desse espaço construído pela juventude para a juventude.
Uma proza sobre as Trincheiras
da Resistência das Juventudes: Desafios e Perspectivas aconteceu com
representações Juvenis, abordando sobre a temática, contou com a presença de Natiely,
Breno Santiago, Lavínia Almeida, Aline, Luan e Anderson que conduziu a proza.
Essa galera juvenil pontuou espaços e movimentos que estão inseridos, assim
como as pedras que encontram no caminho para realizarem seus sonhos, de uma vida
melhor e digna em seus lugares, e da resistência e insistência da luta para conquistar e tentar sanar seus anseios.
“Esse Seminário do MOC foi muito importante pra mim,
pois me trouxe muitos conhecimentos, pude
conhecer muitas pessoas novas, saber o real valor do nosso Sertão e conhecer um
pouco das histórias e vivências dos municípios”, contou Lavínia Almeida sobre sua avaliação do seminário. Para Ualisson de Ichu foi uma ótima oportunidade de aprendizado,
ter participado desse seminário, conhecer pessoas novas, sonhos e anseios dessas
pessoas, e poder trabalhar junto e encontrar possibilidades para esse Sertão,
que sofre com muitas desigualdades.
Aconteceu ainda um momento importante de orientações, para multiplicações desse seminário nos municípios. Os/as jovens já saíram com o compromisso e agendas em pautas desse desdobramento, que será compartilhado em um outro encontro com representantes desses municípios. É o MOC retomando com a sua força e resistência de mais 50 anos, a luta por/com essas juventudes, com processos e ações que de fato corrobore na garantia de direitos humanos para as juventudes rurais, com parceiros importantes que comunga e abraça essa luta. “Eu vou à luta com essa juventude, que não corre da raia a troco de nada...” (Gonzaguinha).
DOWNLOAD DO ANEXO