Jovens baianos viajam para Pernambuco e conhecem experiências de convivência com o semiárido

09/07/2010

Moradora do município de Tanquinho, distante 40 km de Feira de Santana, a jovem Ketlin dos Santos, 19 anos, agora possui uma nova história para contar. Durante 11 dias esteve viajando pelo semiárido pernambucano para conhecer as experiências do Serviço de Tecnologia Alternativa (SERTA). Seu companheiro de viagem foi o também jovem Valdir Souza, 23 anos, que mora na comunidade de Paus Altos, município de Antônio Cardoso.

Ketlin e Valdir concorreram com dezenas de jovens e foram selecionados para participar do intercâmbio da juventude rural, promovido pelas entidades que compõem a Rede Jovem Rural, entre elas, está o Movimento de Organização Comunitária (MOC), que proporcionou a viagem dos jovens baianos.

O intercâmbio tem como proposta fazer com que os jovens acompanhados por cada instituição possam conhecer experiências exitosas de outros jovens, em outros estados, para multiplicar o aprendizado nas comunidades onde moram. Ketlin conta que foram cinco dias de vivência, hospedada na casa de jovens pernambucanos, onde ela aprendeu muito como otimizar os espaços para diversificar a produção agrícola.

“Vivenciando o dia-a-dia das famílias rurais eu percebi o quanto eles conseguem otimizar o espaço, usar aquele espaço para, de acordo com a tecnologia que não é uma tecnologia avançada, tirar o sustento da família e ainda gerar renda”, conta Ketlin. Depois de ter conhecido tantas alternativas simples de convivência com o semiárido, a jovem pretende multiplicar o aprendizado para outras famílias de Tanquinho. “Agora, pretendo organizar um evento para divulgar o conhecimento que adquirir e poder ensinar a comunidade rural fazer coisas tão simples que podem evoluir significativamente na produção deles. Pretendo fazer um projeto de divulgação e prática, que é o que me motiva”, acrescenta a jovem.

“O sertão é show de bola” – Essa fala do jovem Valdir Souza resume tudo o que ele viu na viagem, água em abundância e plantação diversificada. Ele conta que escolheu visitar o SERTA por trabalhar com o semiárido, ter um clima semelhante, mas, ficou surpreso com o frio de 10° que teve que enfrentar. “Eu fui com vários objetivos, de levar minha experiência para lá e conhecer a experiência deles. Escolhi ir para o sertão porque é semelhante a realidade da gente, o clima. Mas, tive uma surpresa e pegamos muito frio lá. Eu vivi cinco dias no sertão pernambucano e vi tecnologias novas, eles possuem hectares pequenos e eles conseguem aproveitar ao máximo o espaço que possuem”, comenta o jovem.

Toda essa riqueza do sertão pernambucano causou uma reflexão no jovem apicultor de Antônio Cardoso. Para ele, a mídia e os livros de geografia mostram uma imagem de miséria, de seca, de animais morrendo. “Vi uma realidade totalmente diferente do que a geste está acostumado a ver na mídia, que mostram uma calamidade no sertão, pessoas morrendo de fome. Para você divulgar uma coisa, você precisa conhecer direito. O sertão é show de bola. No meio do sertão você consegue produzir quatro toneladas de mel. Eles são muito ricos em água. A propriedade em que fiquei, pude ver o encontro de dois rios, e são deles que fazem o sistema de irrigação. Eles possuem muitos sistemas de irrigação. Minha missão agora é passar para a minha comunidade e espero também passar para outras o que aprendi”.


DOWNLOAD DO ANEXO