Comunidades Celebram conquistas de Cisternas de Consumo com alegria e samba no pé

02/07/2018
Comunidades Celebram conquistas de Cisternas de Consumo com alegria e samba no pé

#MOC_PorumSertaoJusto

“Não! Eu não quero enchentes de caridade, só quero chuva de honestidade molhando as terras do meu sertão”, essa canção embalou e marcou uma verdadeira festa, repleta de emoções, alegrias e muito samba no pé, na celebração de conclusão das cisternas de consumo humano das comunidades Quilombolas da Matinha e Candeal 2, de Feira de Santana, Território Portal do Sertão, na tarde desse (02) de julho. Um momento organizado pelas famílias e organizações locais como associações e comissão de água, com apoio das entidades parceiras para comemorar mais conquistas do povo que luta por uma vida melhor no campo, com acesso as políticas públicas como direito, garantindo autonomia e liberdade para as famílias.

E nessa caminhada para fortalecer a convivência com o Semiárido, a universalização da água de beber faz parte de uma luta árdua, que significa para as famílias muito mais que apenas uma construção de cisternas, mas à certeza de mais qualidade de vida em suas terras. Por isso o Movimento de Organização Comunitária (MOC) busca há mais de 50 anos trabalhar com ações que contribuam com esse processo de garantia de direitos do povo, executando assim mais um edital com projeto que levou uma média de 250 tecnologias de captação e armazenamento de água da chuva para beber e cozinhar para essas comunidades, em um processo que é acompanhando por formações de manejo e gerenciamento e cuidado com a água.

O MOC conta nessa trajetória com a parceria de entidades que também comungam com essa luta, como a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar do estado da Bahia (FETRAF-Bahia/CUT), Associação dos Pequenos Agricultores/as do Município de Feira de Santana (APAEB-Feira), Sindicato dos Trabalhadores/as Rurais (SINTRAF-Feira) e organizações locais, com apoio ainda vindo do Governo da Bahia.

Assim, nesse dia festivo se reuniram junto às comunidades para comemorar e em mesa de saudação relataram um pouco dessa conquista, felicidade e gratidão, mesmo em tempos temerosos na atual conjuntura política, com a presença de Maria das Neves Oliveira (Associação Comunidade de Matinha), Francisca Fonseca (Associação de Comunidade Candeal 2), Ivaneide Lima (representando as Famílias), Antonina de Jesus (APAEB), Ana Glécia (MOC), Elisangela Araújo (Fórum Baiano de Agricultura Familiar FBAF/Afastada), Rosival Leite (Licenciado da FETRAF) e José Ferreira Santos (SINTRAF-Feira).

Além de festejar nas falas também trouxe um momento de reflexão, principalmente sobre a triste realidade em que se vive atualmente com um governo que vem tirando os direitos do povo, e retrocedendo essas conquistas de dias melhores, em especial no campo que sofrem com as mazelas dos desgovernos.

“Estamos aqui para festejar, mas não podemos deixar que esse momento passe sem refletir o motivo da festa e se teremos ou não outras festas, acho que é importante à gente não perder isso de vista (...). Viver no campo é ter segurança, é ter água pra beber e cozinhar, é ter água na escola, é ter merenda na escola, e quem decide tudo isso é quem a gente escolhe para nos representar, vamos ter consciência em quem podemos confiar e quem abraça essa luta com a gente pelos nossos direitos”, frisou Ana Glécia (Coordenadora do Projeto de Cisternas de Consumo) agradecendo a sua equipe técnica “Os gigantes”, como se referiu aqueles que direcionam todo empenho e dedicação no trabalho e afirmando ainda que o MOC quer continuar levando esse acesso também para outras famílias.

A companheira Elisângela Araújo relembrou também sobre os tempos de lutas para se conquistar esse direito, como ainda o momento delicado que o país passa que amedronta toda população, bem como sobre sua luta de acesso aos direitos. “É muito prazeroso compartilhar com todos vocês esse grande momento de conquistas das políticas públicas construídas por muitas mãos, como MOC, FETRAF, APAEB, Lideranças Comunitárias, CUT e as de todos nós que juntos lutamos para alcançar essa vitória”, enfatizou Elisângela afirmando sobre o movimento forte no qual é preciso seguir, com mudanças e projetos que valorizem a classe trabalhadora brasileira, fazendo justiça social, que traga perspectiva e esperança de igualdade e oportunidade para povo do Brasil.

Na programação teve ainda famílias relatando a importância dessas conquistas, a exemplo da Valquiria da Matinha que disse que a cisterna foi a melhor coisa que aconteceu, relembrando das latas de água na cabeça por quilômetros para ter esse bem precioso. A dona Teresinha do Candeal também se expressou falando: “A gente ter água e água de qualidade é uma vida completamente diferente, a gente não passa mais por essa dificuldade, só temos que agradecer a todos e mais ainda aos trabalhos dos técnicos que foi muito bom”. Junto a toda emoção muita diversão com o Samba de Quixabeira, além de saborear ainda a delícia do bolo caracterizado de cisterna e mais alguns quitutes.

Segundo Terezinha Almeida da Matinha que contribuiu com todo trabalho do projeto construindo junto às famílias e aos técnicos, foram muitos desafios superados para se chegar com êxito a essa comemoração. “Foram muitas pedras no caminho, mas nenhuma delas fez a gente desistir, muito pelo contrário nos deram forças de chegar até aqui para festejar essa bonita festa”. E como diz Malvezzi Gogó agora já se pode "Colher a água, reter a água, guardar a água quando a chuva cai do céu. Guardar em casa também no chão, e ter a água se vier a precisão”.


Por: Robervânia Cunha
Programa de Comunicação do MOC (PCOM)