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Celebração MOC 50 Anos de travessias pelo Semiárido Baiano
20/10/2017
#2017MOC50Anos
#PorumSertãoJusto
Um longo caminho trilhado e muitos plantios semeados, germinando em inúmeras
transformações de vidas em cada canto desse Semiárido Baiano, por onde o MOC
passou. De 1967 a 2017, o Movimento de Organização Comunitária – MOC vem
desbravando municípios desde o Portal do Sertão, Território do Sisal até a
Bacia do Jacuipe, na busca por mais direitos e vidas com qualidades no
Semiárido Baiano.
Após ter percorrido muitas terras que fez e faz parte de sua história, para
comemorar com o seu povo através da Caravana Itinerante MOC 50 Anos, por um
Sertão Justo, o MOC comemorou seu marco histórico de cinco décadas em uma
culminância celebrativa nos dias 17 e 18 de outubro, no auditório central da
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), em Feira de Santana, cidade
onde se deu os primeiros passos para construção desse cinquentenário.
Celebrando sua rica colheita de flores e frutos, de práticas e experiências,
assim como de conquistas e direitos garantidos, na luta por um Sertão justo,
por um Semiárido com gente e vida com qualidade.
E com esse espirito de quem não foge da luta, que o MOC resiste e insiste na
construção de um Sertão mais Justo e celebra os seus 50 anos, trazendo na
abertura desse lindo momento a Orquestra Santo Antônio, do município de
Conceição do Coité, que cantou e encantou com canções que retrata um Semiárido
cheio de possibilidades. Dando seguimento com uma mística de acolhida e
apresentação de objetos característicos dos programas que compõe a instituição.
Na mesa de abertura e saudação esteve presente o senhor José Jerônimo Morais
(Presidente do MOC), Naidison Baptista (Coordenador Asa Bahia e Presidente da
ASA Nacional), Jacques Wagner (Secretário de Desenvolvimento Econômico),
Evandro Nascimento (Reitor da UEFS), Jerônimo Rodrigues (Secretário de
Desenvolvimento Rural), Cesar Lisboa (representando a Secretaria de
Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos Social SDSTJDH),
Ildes Ferreira (Secretário de Desenvolvimento Social de Feira de Santana)
Elisângela Araújo (Fórum Baiano de Agricultura Familiar) Neusa Cadore (Deputada
Estadual), Cecília Carvalho (Prefeita de Itiúba) Débora Rodrigues (Fórum de
Economia Solidária) Felipe de Sena (Rede de Educação do Semiárido Brasileiro -
RESAB), Maria Zélia (Suplente de vereador/a de Biritinga) e Ângelo Almeida
(Deputado Estadual).
Abrindo as saudações, o reitor da UEFS fala da parceria importante com o MOC
para transformação de vidas no Semiárido, “Uma parceria histórica em diferentes
projetos, pesquisa e, sobretudo de extensão, com muitas contribuições para
transformação de vidas e acho que esse é o lado mais belo do MOC é a transformação
da vida das pessoas e transformando as pessoas nós transformamos o mundo (...).
Que o MOC tenha muitos outros 50 anos de vida, transformando realidades,
gerando oportunidades, trazendo felicidade, igualdade, justiça social,
humanidade, respeito e somente assim poderemos construir um futuro e nação
melhor todos. Viva o MOC”, manifestou Evandro.
“São 50 anos de história e meio século para organizar as comunidades e os
empreendedores, as redes de mulheres, as cisternas. Quero parabenizar aqueles
que carregam também a história do MOC como Jerônimo e Neidison. Parabéns MOC e
mais 50 anos pela frente”, frisou Ildes Ferreira.
Segundo o Secretário Jacques Wagner têm algumas coisas que devemos
refletir e comemorar que é a alegria uma etapa cumprida, mas também fortalecer
a alma e o corpo e a mente pra continuar mais 50 anos do MOC. “Parabéns pelos
ideais que é o que sustenta a caminhada de vocês e que Deus abençoe ao MOC e
todos os seus fundadores que estão de cabelo branco como eu, mas eu queria me
dirigir principalmente a toda essa juventude do MOC que eu vi lá fora e aqui
dentro,que sirva de exemplo pra vocês os Albertinos, os Jerônimos, os
Neidson e as tantas pessoas que vieram puxando, porque vai chegar
uma hora que vamos precisar dessa juventude para assumir a direção. Então
parabéns ao MOC e que Deus abençoe vocês e que possa ter mais cinquenta anos de
caminhada e de defesa do povo”, destacou o ex Governador da Bahia
Jacques Wagner.
“Se não fosse o movimento de mulheres que o MOC compartilha, se não fosse à
economia solidária, se não fosse a juventude, portanto a história do MOC se
confundi muito e é uma confusão boa entre os dirigentes, os
técnicos e o público estratégico do MOC . E aqui eu vejo uma
transição muito estratégica entre as pessoas que construíram as paredes do MOC
e essa juventude ou essa adolescência ou essas pessoas da vida adulta que vão
transformando e espalhando as coisas boas por ai, que o MOC traz (...). E os
frutos dos 50 Anos do MOC são com certeza imensurável, se a gente for tentar
elencar aqui tudo aquilo que o MOC fez nos seus 50 Anos com certeza nós não
conseguiremos. É um momento e é um dia em que a gente tem
que trazer os nossos agradecimentos ao MOC”, salientou Jerônimo Rodrigues.
Elisângela Araújo frisa sobre um MOC que faz parte da vida de todos nós. E
destaca a sua saudação para uma mulher que vem contribuindo grandemente com
essa história do MOC, a Coordenadora Geral Célia Firmo. “Célia representa
muito bem o empoderamento da mulher, que o MOC trabalha com a equipe gênero,
que ajudou a nós mulheres compreender o nosso papel e encontrar o nosso espaço
na sociedade (...). É um dia de muita alegria, de muita emoção e que a gente
enche o peito de esperança com alegria de lutar e ter resistência para que possamos
ter uma sociedade diferente, uma sociedade com justiça e igualdade social, que
respeito as mulheres, para que a gente consiga vencer esse retrocesso para que o Semiárido viva bem com gente feliz. Viva o MOC e mais 50 anos de luta e
resistência”, disse Elisangela.
“50 anos não são 50 dias. Quero parabenizar ao MOC por essa trajetória
excepcional, rica em experiência e dizer que vamos juntos construir uma educação
contextualizada e vida melhor para o nosso povo”, abordou Felipe de Sena. A Maria
Zélia também parabenizou a história do MOC. “Que o MOC possa viver mais e mais
50 anos levando essa transparência e acolhendo a todos/as que precisam. Viva
MOC, o povo nordestino, e a agricultura familiar”, comentou Zélia.
“A história do MOC é também a história de quem fez muitas semeaduras.
Vida longa ao MOC, que a gente possa nesse cinquentenário se abastecer e ter a
certeza que faz muito bem à nós uma olhadinha para essa caminhada, para que a
gente possa olhar para frente e para o futuro entendendo o nosso papel para
resistir e para continuar dando nossa contribuição nesse ano tão difícil. O MOC
para gente é a certeza que existe um caminho. O MOC é uma escola, aprendemos
muito e temos que continuar nessa caminhada. Obrigada a todos/as que participam
dessa história e que nos dão esse grande exemplo. Feliz em saber que essa
história alimenta a nossa vida”, ressaltou Neusa Cadore.
Segundo Naidson Baptista a ASA agradece ao MOC pela sua contribuição na
construção dessa rede. “Muito obrigado pela sua contribuição na construção dos
resultados de Convivência com o Semiárido, que nós temos no Brasil à fora.
Obrigado por estar presente nos momentos bonitos, mas também nos momentos de
dificuldades no debate da construção da ASA (...). A ASA quer dizer ao MOC
nesse momento, vida longa, continuem acreditando na Convivência com o Semiárido,
porque a Convivência com o Semiárido é a estrada de libertação do povo do
Semiárido. Continuem acreditando e fazendo isso. Muito Obrigado!”, agradeceu o
presidente da ASA nacional.
O presidente do MOC José Jerônimo expressa sua alegria de comemorar essas cinco décadas de vida do MOC e convida as gerações futuras para dar inicio a
contagem dos próximos 50 anos. “Abertino está aqui, simplesmente à presença
dele nos dá sentido de perseverar. Eu vou me pronunciar da seguinte forma:
começa a contagem para os próximos 50 anos e para isso falta pouca coisa é
necessário, uma cisterna e um par de asas (...). As nossas vidas não se
restringe ao aqui e agora, e quando eu digo cisternas e asas, quero repetir uma
lição que venho insistindo, nós estamos vivendo um momento de refundação da
república e isso esta acontecendo exatamente em volta das cisternas (...).
Precisamos estar um ao lado do outro nessa convivência que entra na construção
do amanhã e que, portanto essa geração mais nova, essas crianças merecem a
nossa máxima consideração. São elas que darão continuidade a essas
transformações que construiu esses anos de 50 MOC anos,”, salientou o
Presidente do MOC.
Palestra com o Convidado Especial: Frei Betto
Na noite comemorativa do dia 17, aconteceu um momento importante de reflexão
com a palestra do convidado especial Frei Betto jornalista, antropólogo,
filósofo e teólogo, autor de mais de 60 livros e ganhador do prêmio Jabuti em
1982. Que ressaltou sobre a "Atual conjuntura brasileira e a construção da
esperança".
Na oportunidade Naidison Baptista mediou à mesa com o palestrante,
fazendo uma contextualização do trabalho do MOC durante esses 50 anos de luta e
resistência, por um Sertão Justo. “O MOC vem trabalhando na perspectiva da
resistência, pois nasceu da resistência. O MOC hoje quer dar o seu testemunho e
quer continuar o seu trabalho na perspectiva da resistência, para celebrar isso
nada melhor Betto que trazer você, com sua história de cristão comprometido
com a justiça, comprometido com a igualdade e comprometido de estar a favor dos
mais pobres. É com essa história e é com essa reflexão que você vem nos ajudar
a refletir o nosso caminho e nessa celebração dizer que queremos continuar esse
seguimento”, frisou Naidson, Presidente da ASA nacional e também assessor da diretoria
do MOC.
O grande Frei Betto iniciou sua reflexão trazendo historicamente à conjuntura politica do país, retratando sobre as injustiças, a ditadura,
da qual foi vitima e ainda sobre o caminhar desse processo ao longo dos anos na
Republica Federativa do Brasil. O Frei trouxe também a igreja como uma fonte de
abastecer a sociedade com fé, esperança e amor, mas afirmando que a estrada que
transforma e modificam essa conjuntura será sempre os movimentos sociais,
esses que conduzem o mundo. Betto segue sobre essa conjuntura no atual cenário
do país. “Eu considero que a sociedade continua dividida em esquerda e direita.
São de direita todas as pessoas que consideram a desigualdade social tão
natural como a luz do dia e da noite e são de esquerda todas as pessoas que
consideram a desigualdade social, uma injustiça e ficam indignados diante
dela”.
Para o Frei não há milagre, o futuro será o que fazermos do presente, isso vale
para a vida pessoal e social, na perspectiva de que o futuro será sempre
resultado do que fizermos no presente, tendo como única saída acreditar no nosso própria poder. Abordando ainda na sua fala sobre consciência
política. “A Consciência política é quando você descobre que a vida não é um
mero processo biológico de reprodução da nossa vida biológica e a sua sucessão
de filhos e netos. Uma pessoa politizada é uma pessoa que decidiu tirar o salto
da percepção da vida de um grande fenômeno biológico para um grande fenômeno
biográfico, essa vida constrói história. A vida de vocês constrói historia, isso
que é ser cidadão, militante, protagonista, sujeitos históricos e nós não
cuidarmos desse trabalho. E agora, nos temos que pensar o seguinte, onde
colocar nossa esperança? Vamos ficar de braços cruzados, acreditando na eleição
do ano que vem?”, questionou o Frei.
Betto ainda lembrou do governo do PT, que para ele foi o melhor em termos de olhar
paras desigualdades sociais e criar politicas públicas voltadas para
desertificação da pobreza, embora tenha sido pouco diante da necessidade da
sociedade brasileira. Assim, o Frei traz a importância de se organizar e se
mobiliar em função de um novo proposito e um no projeto, que trabalhe de forma
mais intensa na luta por mais dignidade de vida para os povos dessa nação. “Um
projeto de construir uma nação de dignidade, de construir uma nação sem as
barreiras do preconceito e da discriminação, da desigualdade de classe. Eu
sonhei quando fui preso que um dia eu via essa nação. Eu faço questão de ser
semente, porque se não houver semente não tem o que colher, nós todos devemos fazer esse proposito ser semente de um projeto novo no Brasil e no
mundo. É preciso guardar o pessimismo. Todos nós temos os mesmos direitos de ter as mesmas oportunidades”, finalizou o Frei Betto.
Segundo Momento de Celebração
Em mais um dia lindo de comemoração dos 50 anos de história, lutas,
resistências e conquistas do MOC, por um Sertão Justo marcou esse dia 18 de
outubro, abrilhantando o espaço do auditório da UEFS, com apresentação teatral,
recitais de poesias, entrega de certificados do Festival Literário “Sertão em
Verso e Prosa” e da Exposição Fotográfica “Olhares Sobre o Sertão”, assim como
uma mesa de prosa com relatos das transformações do MOC na vida dos sujeitos
protagonistas, que tiveram suas vidas transformadas a partir das ações
desenvolvidas pelo MOC, contribuindo ainda com a construção desse
cinquentenário de existência e persistência para buscar e garantir mais
direitos, através do acesso viável das politicas públicas para o povo do
Semiárido Baiano.
Cantos e encantos com apresentações culturais no espaço do Hangar da UEFS
festejou ainda mais esse dia de celebração. Onde também foi realizada trocas de
Sementes Crioulas, entre agricultores/as de diversos municípios que
participaram desse ato festivo do MOC, essas sementes são mais uma rica
estratégia de convivência no Semiárido.
Os parceiros também foram homenageados através de uma rede de retalhos,
mostrando aqueles que contribuem e contribuíram para a concretização das ações
do MOC nos diversos municípios de atuação. Ainda tiveram um dedo de prosa sobre
as parcerias com MOC por esses 50 Anos.
Na finalização desse momento histórico, muitas emoções, choros, risos,
homenagens, abraços e palavras que expressam a alegria e o orgulho de cada
um/uma que faz parte dessa história. Viva o MOC! “É no Semiárido que a Vida
Pulsa! É no Semiárido que o Povo Resiste”!
O MOC sou eu
A caravana MOC 50 Anos, por um Sertão Justo desbravou o Sertão promovendo
diálogo com as pessoas, crianças, adolescentes, jovens, homens e mulheres,
agricultores/as familiares, empreendedores/as da economia solidária,
educadores/as do campo contextualizado, gestores públicos das diferentes áreas
de direitos e parceiros locais. Com diálogos sobre as lutas e desafios, as
resistências e resiliências necessárias para unir forças e construir um mundo
mais justo nesse lugar chamado Sertão. São 50 Anos de luta e resistência para
junto com as pessoas construir um lugar melhor e mais justo.
A professora da educação contextualizada do município de Barrocas Rejane
Queiroz falou da ousadia do MOC em ser fundada em plena ditadura militar, na
luta por organizar as comunidades em busca de direitos. Ela que conheceu o MOC
através da educação do campo contextualizada trouxe a importante desse processo
para as comunidades rurais e para sua própria vida. “Eu costumo dizer que o MOC
é a Universidade popular do Sertão. É daquelas que quando chega em nossas
vidas, nos acolhe, nos ensinas com diversas formações e a gente reza para que nunca saia de nossas vidas”, expressou Rejane.
O jovem Cristiano da Cunha Santa (de Educomunicação), contou sobre a as
mudanças de vidas para ele e sua familiar através do MOC. “Falar do MOC é
motivo de muito orgulho pra mim. Entrei no MOC através do projeto com Actionaid
e depois Baú de Leitura (...). O MOC mudou não só a minha vida, mas da minha
família com a chegada da cisterna. Que eu possa tá aqui para comemorar os
próximos 50 anos do MOC. Eu quero dizer que faço parte dessa história”
ressaltou Cristiano.
Há 40 anos que dona Terezinha dos Santos (Movimento de Mulheres Trabalhadoras
Rurais - MMTE e Diretora do Sindicato Retirolândia) participa desse movimento
social que é o MOC. “O MOC é pai e mãe dos movimentos sociais, uma faculdade
que nos ensinou a viver com dignidade, honestidade e com sabedoria, na luta
pelos nossos direitos”, frisou dona Terezinha que ainda parabenizou aos 50 anos de MOC e
sua equipe pela bela festa de comemoração.
“Hoje me sinto uma mulher empreendedora graças ao MOC”, enfatizou Vandalice
Santana Santos empreendedora de artes de mulheres de Riachão do Jacuípe e
coordenadora da Rede de Produtoras da Bahia.
“O MOC nos ensinou sobre a Convivência com o Semiárido, com a família e com a nossa
comunidade, a respeitar o nosso direito, fazer justiça, conhecer o nosso espaço
para que a gente tenha uma vida respeitosa e com nossos direitos. Por tudo isso
só tenho que agradecer ao MOC. E viva o MOC”, comentou seu José Leôncio das
Chagas, agricultor familiar da comunidade de Malhada da Areia, município de
Araci.
O Comunicador Social Silvanio Manuel Oliveira dos Santos do município de
Nordestina relatou sobre a importância do MOC, no incentivo de fazer uma
comunicação diferenciada e nesse processo transformou sua história de
Comunicador. “Quando conheci o MOC não imaginava que mudaria tanto minha vida
enquanto comunicador (...). O MOC é uma instituição de referencia no Território
do Sisal, é uma escola que ensinou a fazer essa comunicação diferenciada”,
disse o Comunicador que também parabenizou o MOC fazendo votos de muitos anos de
vida para ao MOC.
Programa de Comunicação do MOC