Empreendimentos Econômicos Solidários passam por formações para atender às necessidades de um mercado altamente competitivo

01/04/2016
Empreendimentos Econômicos Solidários passam por formações para atender às necessidades de um mercado altamente competitivo

A comercialização para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) vem melhorando a renda dos grupos de Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) principalmente depois que os mesmos vêm passando por formações, o que implica na gestão financeira administrativa, padronização e busca por novos produtos.

Os empreendimentos não têm recursos próprios para essas formações, sendo assim, o Movimento de Organização Comunitária (MOC) através do projeto Redes de Cidadania no Sertão da Bahia, com o apoio da Petrobras, tem contribuído bastante para que os EES tenham acesso às mesmas apresentando um diferencial organizativo e produtivo para os grupos envolvidos.

O Projeto foi lançado em agosto de 2014 com a parceria da Arco Sertão Bahia, Arco Sertão Central e COOPEREDE e tem como objetivo central contribuir para a elevação da renda de agricultores e agricultoras familiares de EES de 06 municípios dos Territórios do Sisal e Bacia do Jacuípe, por meio da qualificação do processo, aumento da produção e a certificação para a comercialização em mercados institucionais.

Formações
Desde então empreendimentos como a Cooperativa Agroindustrial de Nova Fátima (Cooperfátima), Cooperativa Polivalente Filhos da Terra – (Coopofite), Associação Comunitária de Pedras e Região (Ascoper), Associação Comunitária da Região de Onça (Ascron), Grupo Sabor En’Canto, Grupo Mulheres em Ação, Grupo Mulheres de Mucambo, Grupo Mulheres Vencedoras e Grupo de Mulheres do Rose participam de capacitações a exemplo da padronização de produtos que tem como principal objetivo padronizar as receitas já existentes, bem como trazer novas receitas para os produtos dos empreendimentos. Desta forma respeitam-se os padrões exigidos para comercialização, a fim de atender às necessidades de um mercado altamente competitivo e facilitando a comercialização para o PNAE e para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

As formações nesse sentido acontecem entre Feira de Santana e Serrinha e envolvem os municípios de Nova Fátima, Pé de Serra, Serrinha, Conceição do Coité, Riachão do Jacuípe e Santaluz, sedes das cooperativas. Para a realização dos cursos, as instrutoras em alguns casos são mulheres envolvidas nos empreendimentos como foi o caso de Marinalva Pereira da Silva e Suely de Oliveira Almeida, da ASCOPER e Patrícia de Jesus Silva, da COOPERFÁTIMA. Outras vezes as instrutoras são autônomas a exemplo de Sandra Souza, que trabalha com beneficiamento de frutas.

Dentre os produtos trabalhados nos EES encontram-se biscoitos de fécula de diversos sabores, o pão de batata, cupcake de cenoura, bolo de tapioca e aipim, broas, compotas de frutas, doces de leite e de frutas, entre outros, os quais se buscou  receitas padronizadas dentro dos empreendimentos envolvidos nas capacitações. Além do aprendizado das receitas, os grupos aprenderam também sobre as boas práticas de produção a partir de conversas e seminários com Alexandre Nepomuceno, engenheiro de alimentos.

Mercados
Importante salientar que os empreendimentos apoiados pelo projeto e que participaram das formações, além de fazer o repasse em suas comunidades e comercializar seus produtos para o PAA e PNAE, levam uma maior variedade de produtos para os alunos beneficiados. “Em Conceição do Coité a nutricionista aprovou os produtos que foram levados para análise” conta Maria da Natividade, da Associação Comunitária da região de Onça, Conceição do Coité.

Neste sentido, os empreendimentos envolvidos nas formações puderam compreender que não basta apenas produzir, mas produzir com qualidade, além disso, passaram a perceber que a padronização de receitas é uma forma de ganhar forças para acessar aos mercados. “Hoje nós sabemos e passamos para as outras pessoas do grupo como é importante a padronização e a higiene na produção, tendo nosso ambiente de trabalho limpo e organizado” conta Marinalva Pereira da Silva.

As Associações e Cooperativas que comercializam para o PNAE tem grande expectativa em atingir outros mercados: “O nosso sonho é estar também comercializando em maior quantidade nos mercados convencionais, nos supermercados, nas feiras”, ressalta Floripes de Oliveira Mendes, da COOPOFITE, Pé de Serra.

As mulheres e famílias envolvidas nas ações do Projeto Redes de Cidadania no Sertão da Bahia estão engajadas com o discurso afinado em defesa do modelo de economia solidária, promovendo a inserção dos seus produtos e dos grupos no processo de comercialização através dos Programas, e principalmente na negociação com mercado formal. Este resultado não seria alcançado se não houvesse a participação coletiva e representativa destes grupos em diferentes espaços de formação e discussão em defesa dos direitos conquistados a partir da organização e do espírito do cooperativismo.