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Pesquisa materializa a Educação do Campo como um sonho possível
17/03/2016
Com
o envolvimento da coordenação pedagógica e de toda equipe do Programa de
Educação do Campo Contextualizada, o Movimento de Organização Comunitária (MOC)
realizou nessa quarta, 16 de março, o “Seminário sobre Políticas Públicas com
Gestores/as, Representantes da Sociedade Civil e Universidades” onde foram
devolvidos ao público os resultados de uma pesquisa científica sobre os
impactos da metodologia do Projeto CAT (Conhecer, Analisar e Transformar a
realidade do campo), nas políticas públicas da Educação do Campo e na
aprendizagem das crianças na região semiárida da Bahia.
Na
mesa de abertura mediada pelo diretor do MOC, Jorge Nery, representantes do
Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), da Articulação do Semiárido
Brasileiro (ASA-Bahia), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Universidade Federal da Bahia (UFBA), do Conselho
Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável da Região Sisaleira do Estado da
Bahia (CODES Sisal), Sindicato de Trabalhadores/as Rurais de Riachão do
Jacuípe, Prefeitura Municipal de Valente, além de Secretárias Municipais de
Educação dos municípios de Monte Santo, Serrinha e Conceição do Coité que refletiram
com a plenária sobre a contribuição da educação do campo para o desenvolvimento
sustentável.
Allan
Razera, representante do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), analista
de Políticas Sociais da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT), fala
sobre a importância do MDA está inserido no debate da educação do campo
contextualizada. “O MDA tem o papel extremamente importante na discussão da
questão da educação do campo contextualizada. Essa discussão remete muito aos
movimentos sociais na luta pela educação do campo. O MDA tem uma sinergia muito
forte com as demandas da população rural, em especial da reforma agrária e da
agricultura familiar. Pensar em estratégias de educação é fazer com que os
jovens vejam a realidade do que e onde vivem ao tempo em que analisem no
ambiente escolar essa realidade, discutam com a comunidade pensando em
estratégias de transformar essa realidade, de transformar o futuro
desenvolvimento do seu território. Para nós do MDA essa oportunidade está sendo
muito importante”, afirma Razera.
A PESQUISA
O resultado da pesquisa que durou cerca de quatro anos está
publicado no livro “A Educação Contextualizada no Semiárido Baiano: A
Contribuição do Projeto CAT para as Políticas de Educação e a Escola do Campo”,
lançado no evento. O Seminário aconteceu
no Centro Social Urbano (CSU) localizado no bairro Cidade Nova, em Feira de
Santana.
A
pesquisa é de iniciativa da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG) com apoio do Instituto para Cooperação e
Desenvolvimento (ICEP)/ Fundação Optimus, da Áustria. A Coordenação Geral da
pesquisa foi realizada pela Profa. Dra. Maria do Socorro Silva (UFCG), Profa.
Dra. Inaiá Carvalho (UFBA) e
Prof. Ms. Djair Silva, com a colaboração da equipe do MOC e dos pesquisadores
de campo.
“Esta
pesquisa trouxe fortes evidências de que o CAT em vários municípios tem
gradativamente caminhado na perspectiva de se estruturar como um Programa e
mesmo como uma política pública. Ele deixou de ser um simples projeto
localizado em uma escola e passou a ser uma metodologia, uma proposta voltada
para várias escolas da rede. Nós temos alguns municípios que já começaram a
adotá-lo em toda rede pública. Além disso, vários instrumentos da política pública
estão inserindo hoje a educação do campo e o CAT como uma proposta de educação
do campo para o município. Então acho que a perspectiva é essa, do CAT cada vez
mais ir se tornando uma política pública e para isso é preciso ter uma decisão
política de gestores públicos dos municípios aqui do Semiárido”, ressalta
Socorro.
Na
opinião de Edite Faria, docente da UNEB,
em Conceição do Coité, a Universidade como loco de ensino, pesquisa
e extensão, tem como função social dialogar com as comunidades para além dos
seus muros. “Pensar num processo de política de educação do campo a
Universidade precisa estar dentro deste diálogo e também fazendo aquilo que lhe
é função que é a pesquisa, e a pesquisa com a devolutiva com a produção dos
sujeitos principalmente dos sujeitos que vai lá no campo pesquisar, os protagonistas.
Então pensar numa educação contextualizada e não pensar no espaço da
Universidade como um lugar de debate, de fomento e de pesquisas, acho que é
ficar separado. A ideia da Universidade fazer parte disso como hoje se observa
aqui com a devolutiva da pesquisa, os entraves, as possibilidades, ajuda até o
campo da Universidade em relação a pesquisa sobre a educação do campo, a se
fortalecer e a se consolidar”, ressalta
O PROJETO CAT
O
Projeto CAT integra o Projeto Baú de Leitura que visa a construção de leitores
a partir da leitura lúdica, contextualizada e dimensões artísticas. O projeto envolve atualmente cerca de 21 mil
crianças e adolescentes e 1.200
professores/as, 58 coordenadores/as municipais, 42 representantes da
sociedade civil e 40 gestores/as.
Segundo
Geovane Bárbara Ferreira Passos, diretora da Escola Municipal Roque Miranda
Carneiro, localizada no povoado Malhador, em Riachão do Jacuípe, a proposta do
CAT trouxe mudanças para as políticas educacionais do município. “A partir de
uma educação do campo contextualizada diminuiu o índice de evasão, gerou
autonomia em transformar o meio em que vive, houve maior desenvolvimento do
aluno como cidadão, sem falar das causas
sociais, como em relação ao lixo e a água por exemplo, dois fatores que
passaram a ser objetos de estudos em sala de aula”, enfatiza.
A
metodologia do CAT é formulada e desenvolvida pelo MOC há 20 anos em parceria
com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e movimentos sociais/
sindicais do campo em 21 municípios do Semiárido da Bahia, localizados no
Território do Sisal, Bacia do Jacuípe e Portão do Sertão.
Na
opinião da Secretária Municipal de Educação de Conceição do Coité, Perpétua
Maria Boaventura Sampaio, o plano municipal de educação já contempla a Educação
do Campo. “Como o CAT está presente em todas as escolas rurais do nosso
município e a metodologia que utiliza tem como ponto de partida a realidade
local, favorece fortemente para a compreensão da realidade dos alunos e de suas
famílias e para o desenvolvimento de um sujeito melhor adaptado ao seu meio e
comprometido com as transformações necessárias para a evolução da vida
comunitária e do progresso individual”, pondera.
“Nas
Universidades brasileiras é muito difícil se ter um projeto de extensão por 20
anos como o CAT. Hoje temos indicadores científicos que comprovam a eficiência
e a eficácia do projeto”, comemora Vera carneiro, coordenadora do Programa de
Educação do Campo Contextualizada do MOC. O evento contou ainda com a
participação de diversos gestores públicos, coordenadores/as, diretores/as,
professores/as, além de representantes da sociedade civil.
Por:Maria José Esteves
Programa de Comunicação