Território do Sisal realiza I Encontro de Sementes da Bahia

07/05/2009

Para estimular o intercâmbio e a articulação entre as diferentes experiências de valorização, conservação e aumento da biodiversidade no Semiárido Brasileiro, está acontecendo entre os dias 05 e 06 de maio, o I Encontro de Sementes do Território do Sisal, no município de Valente, Bahia. É a primeira que entidades e agricultores se reúnem para discutir sobre a temática na Bahia. Entre eles o Movimento de Organização Comunitária (MOC), Associação dos Pequenos Agricultores Familiares (APAEB Serrinha) e Fundação de Apoio aos Trabalhadores Rurais da Região do Sisal (FATRES). O evento acontece dentro da II Feira da Agricultura Familiar, Economia Solidária e Reforma Agrária do Território do Sisal.

Agricultores de 13 municípios baianos mostraram ontem (05) suas experiências e levantaram os principais e avanços e dificuldades encontradas no processo de fortalecimento do cultivo das sementes nativas, crioulas ou da paixão, no território. Entre as experiências estão os bancos de sementes individuais e coletivos, prática que consiste em armazenar sementes em depósito, a partir da doação dos próprios agricultores ou de forma individualizada.


A experiência do Banco de Sementes - Seu Antônio Rocha, da Comunidade do Canto no município de Serrinha conta a experiência do Banco de Sementes coletivo. “Lá foi criado o Banco de Sementes, onde as famílias recebem a semente durante a época do plantio e repõem durante a colheita. A iniciativa vem garantindo a safra de muitas famílias que dependem dessas sementes para plantar”, a iniciativa é gerenciada pela própria Associação de Moradores da Comunidade do Canto. A cada colheita, as famílias doam um percentual que é divido entre alimentar o banco e doar para as famílias que não ainda fazem parte. Além das sementes, como o feijão e o milho, as 45 famílias que fazem parte do banco, podem armazenar seus produtos, como a farinha.

Outro exemplo é o Banco de Sementes individual de José Luiz Santiago de Lagoa do Curral, no município de Araci. Ele conta que a idéia de fazer um banco de sementes surgiu da necessidade de garantir a safra de milho e de feijão, depois ele percebeu que diversidade de sementes era algo positivo para o solo e o meio ambiente. “A primeira preocupação é reproduzir as sementes nativas da região que eu percebo que estão desaparecendo, a segunda preocupação é a própria segurança alimentar, e a terceira é a soberania das nossas sementes cultivadas sem agrotóxico diante das sementes transgênicas que predominam hoje”.

O agricultor afirma ter recuperado mais de 50% da propriedade com diversificação no cultivo de frutíferas, nativas e forrageiras, realizando tanto a adubação verde, que consiste nas trocas naturais de proteínas e vitaminas que a planta realiza com solo, como a cobertura que protege contra degradação. Sobre a forma de armazenar ele afirma está trabalhando com a garrafa pet. Atualmente ele cultiva mais de 20 espécies de sementes.

Até o final do encontro foram debatidas estratégias de fortalecimento e capacidade propositiva sobre as atuais políticas públicas voltadas para a conservação e uso da biodiversidade em nível de território. No último dia (06), o grupo discutiu a importância das sementes crioulas no processo de consolidação da biodiversidade nos agrossistemas familiares, foi formada uma comissão que está responsável pela mobilização e articulação do aprofundamento do debate entre as organizaçãoes do território.

 


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