Comunidade de São Francisco comemora inauguração da sua cisterna escolar

02/10/2015
Comunidade de São Francisco comemora inauguração da sua cisterna escolar

Nesse 1º de outubro a comunidade de São Francisco localizada no município baiano de Nova Fátima esteve em festa com a realização de um Seminário para debater o percurso metodológico do Projeto CAT-Conhecer, Analisar e Transformar a realidade do campo, e a inauguração da cisterna de 52 mil litros na Escola Municipal Filadelfo Antonino de Araújo. A própria comunidade reuniu comunidades vizinhas para comemorar a entrega da cisterna escolar. 
 
Iniciado em 1994, o Projeto CAT tem mostrado que é possível desenvolver uma metodologia que valorize os sujeitos com seus diferentes saberes e culturas. Desenvolvido pelo Movimento de Organização Comunitária (MOC) em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), as entidades da sociedade civil e as prefeituras dos municípios envolvidos onde o projeto atua, educadores/as e crianças passam a conhecer sua realidade, analisam os dados obtidos e em seguida, após a construção do conhecimento voltado para a realidade local, apresentam à comunidade os resultados para juntos, escola e comunidade, encontrarem as formas de transformar essa realidade.  Foi o que aconteceu em São Francisco.
 
“Em Nova Fátima ocorreu o que podemos chamar de ‘revolução no formigueiro’, comprovando que uma comunidade que se une e se reúne é uma comunidade fortalecida. A beleza das crianças e das famílias apresentando dados da pesquisa local realizada pela escola sobre a situação do meio ambiente, da segurança alimentar e da saúde da população, comprova que a escola é por excelência (embora não seja único), um lugar de transformações da realidade”, ressalta Vandalva Oliveira, coordenadora pedagógica do MOC, representando a instituição no local, junto aos técnicos do Projeto Cisternas nas Escolas, Gilson Alves e Bernadete Carneiro.
 
O Seminário foi um encontro prazeroso que reuniu múltiplos atores, com identidades diversificadas e que construíram ou constroem e garantem a qualidade dos resultados do Projeto: o MOC, Professores/as, Coordenadores/as Municipais, Prefeito e Secretário Municipal de Educação além de representantes de organizações da sociedade civil e as famílias da comunidade.
 
“Com fidelidade ao percurso metodológico do Conhecer, Analisar e Transformar a realidade do campo, a comunidade reuniu seu poder local, que por sua vez reside na mobilização das famílias, revitalizada na Associação Comunitária; no diálogo da comunidade com o poder público executivo e legislativo; na efetiva interação escola comunidade; e, na predisposição dessa escola com seu quadro de educadoras em assumir uma metodologia que mexe com todas estas forças em torno dos problemas que afetam a vida da população e da busca de soluções”, enfatiza Vandalva que acredita que não basta a constatação dos fatos, é preciso juntar forças para agir quando necessário.
 
Mais que uma tecnologia
Para se somar à perspectiva de uma escola que não educa para ‘expulsar’ as pessoas do seu lugar, mas para fazer desse lugar um ambiente de vida e de possibilidades, chega à comunidades rurais de Nova Fátima o “Projeto Cisterna nas Escolas”. O projeto de iniciativa do Movimento de Organização Comunitária (MOC), em parceria com a ASA Brasil, financiado pelo MDS implantará cisternas com a capacidade de 52 mil litros cada, em escolas de comunidades rurais em alguns municípios localizados na área de atuação do MOC, a exemplo de Nova Fátima.
 
Numa interface entre dois Programas do MOC - o Programa de Educação do Campo e o Programa Água, Produção de Alimentos e Agroecologia durante o processo de implantação da cisterna uma das ações é o debate principalmente sobre o papel da cisterna enquanto um instrumento pedagógico, a interação entre o conteúdo escolar e questões culturais e ambientais e relacionadas à importância da qualidade da água, garantia da segurança alimentar e nutricional, e sobre a percepção da cisterna como um instrumento de convivência com o Semiárido.  
 
 “O projeto não chega à escola por acaso, chega para responder a demandas históricas de melhoria nas condições das Escolas do Semiárido Brasileiro que somada a outras demandas de conteúdos e metodologias contextualizadas, buscam solucionar problemas relacionados aos processos sócioeducativos da região”, diz Vandalva.
 
Para o MOC a entrega da cisterna numa escola, representa mais do que a entrega de uma tecnologia que capta e armazena água, representa também a revitalização de um processo de cidadania, de luta pela garantia de direitos de crianças do Semiárido. Frente a ‘falta de água’ nas escolas, ocorreram abandono escolar, fechamento de escolas, e, conseqüentemente violação de direitos. 
 
A Cisterna na Escola se constitui também num instrumento político pedagógico de Convivência com o Semiárido, capaz de promover a interação do conteúdo da escola com a cultura local, com os aspectos ambientais e com os modos de organização e produção da vida do lugar, dentre outras conexões possíveis nas várias áreas do conhecimento e ainda na perspectiva de produção de conhecimentos sobre este lugar pelas pessoas que nele pisam e seus corações palpitam.   
 
Por Maria José Esteves
Programa de Comunicação do MOC