Quijingue é destaque na produção de mel

24/03/2009

Localizada no semiárido baiano e distante 326 km de Salvador, o município de Quijingue ficou conhecido, entre alguns agricultores, como a “Capital do mel” devido a grande produção da região, que pôde ser conferida durante o I Torneio do Mel de Abelha Mandaçaia, realizado no dia 21 de março no município.  

Criadores de abelhas de diversas comunidades e jovens do Projeto Prosperar chegaram cedo à sede do município para preparar o local de exibição da criação. Aos poucos, crianças, jovens e adultos chegavam a Praça de Eventos JK para ver de perto as abelhas sem ferrão, que possuem este nome por possuírem um ferrão muito atrofiado e que impede a utilização em sua defesa.  

Coordenador do evento, o técnico em agropecuária José Domingos, integrante do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar e que trabalha com a criação de abelha sem ferrão há sete anos, fez a abertura do Torneio contando como foi o início da meliponicultura no município. “A meliponicultura ou criação de abelha sem ferrão em Quijingue teve início no ano de 2004 com a implantação de uma unidade demonstrativa no Povoado de Lagoa da Barra. A partir do trabalho na unidade, foi iniciada uma série de capacitações e atualmente a meliponicultura está presente em mais de 10 povoados e inclusive, na sede do município”, disse o técnico.  

Responsável pela disseminação no município, José Domingos explica que a região é propícia para a criação por disponibilizar alimento para as abelhas. Destaque para a comunidade de Lagoa dos Cágados, onde podem ser encontradas oito colônias da Abelha Mandaçaia em um único Umbuzeiro.

Renda a mais – Morador da comunidade Cariacá, no município de Cansanção, Pedro de Oliveira esteve presente no I Torneio do Mel mostrando um pouco da sua produção. Ele conta que o primeiro contato com a abelha sem ferrão aconteceu no ano de 2002, através do trabalho do Movimento de Organização Comunitária (MOC) em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Quijingue.  

Com mais de 30 anos trabalhando na roça, Pedro de Oliveira revela que foi a partir da criação de abelha que a renda da família melhorou. Com 25 caixas produzindo mel, ele faz a coleta duas a três vezes no ano, chegando a coletar mais de 100 litros. Produção que é comercializada nas feiras livres da região e entre os amigos e parentes.  “A assessoria do MOC foi fundamental. Quando o enxame era no oco do pau, a gente cortava vários enxames para ter um pouco de mel e hoje, na caixa, a gente só olha quando tem mel. A gente abre a caixa e ver a quantidade, se tiver pouquinho, a gente deixa lá para a abelha produzir mais. Agora eu tenho lucro financeiro, lucro na alimentação, em cuidar da saúde. Trabalho desde os 12 anos e o que deu mais lucro até hoje foi o trabalho com as abelhas”, revela o criador.  

A praça vira um “laboratório” – O I Torneio do Mel de Abelha Mandaçaia contou com o apoio do Grupo de Pesquisa Insecta, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) que fez a análise sensorial e do PH do mel produzido na região.  

Na chegada ao evento, os criadores de abelha realizaram a inscrição no Torneio e em seguida partiram para a coleta do mel, que despertou a curiosidade dos participantes. O material foi entregue aos pesquisadores do Insecta que comprovaram a qualidade do produto, atestando que está de acordo com o padrão estabelecido pelo Ministério da Saúde.  

Enquanto aguardavam o resultado do I Torneio do Mel de Abelha Mandaçaia, os participantes foram animados pela dupla Pedro e Pedrinho, que também desenvolvem a prática da meliponicultura. O grande vencedor foi o meliponicultor José Marques da Silva, da comunidade de Serra Branca, que coletou 310,93 gramas de mel e levou para casa um carro-de-mão entregue pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais. João Batista Soares, morador de Lagoa do Junco, foi o vencedor na análise físico-química do mel e José Alves, também da comunidade de Serra Branca, foi premiado por coletar 210 gramas de pólen em uma colméia.


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