Uma iniciativa que prosperou

04/03/2009

Agência Mandacaru 

Em 2002, a partir de uma iniciativa do Movimento de Organização Comunitária (MOC) em parceria com a antiga Secretária de Ação Social (SEAS), quatro mulheres da comunidade de Bastião, no município de Retirolândia, trocaram o trabalho pesado e perigoso nas plantações e batedeira do sisal para produção de tempero natural.

Com recursos do Projeto Prosperar e de alguns parceiros, o grupo construiu a sede onde o tempero é processado, embalado e armazenado. Aos poucos, com qualidade e higiene, o grupo conquistou o mercado institucional nos municípios de Retirolândia, Valente, Conceição do Coité, Riachão do Jacuípe, Pé de Serra e Santa Luz, além de comercializar para a Empresa Baiana de Alimentos no ano de 2004. Com isto, as mulheres estão obtendo sua própria renda de meio salário mínimo por mês.

Sonho realizado - Mesmo com as dificuldades de acessar novos mercados, as mulheres apostaram no sonho de desenvolvimento do grupo e envolvimento da comunidade.

Em 2009, a parceria com o MOC, Rede de Produtoras da Bahia, ARCO Sertão e projetos firmados com a Coordenadoria Ecumênica de Serviços (CESE), Banco do Nordeste, Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e Mãos que Trabalham, tem concretizado o sonho das mulheres e transformado as ações em projeto de desenvolvimento local para a comunidade através da ampliação da casa de produção.

Inaugurada no dia 27 de fevereiro, a comunidade bastianense recebeu cerca de 300 pessoas na solenidade de abertura da unidade de produção. A casa que antes só era o espaço de produção, agora conta com banheiros para visitantes, vestiário para o grupo, outra área de produção e duas cisternas para armazenamento de água de aproximadamente 40 mil litros, além de equipamentos tecnológicos para o desenvolvimento do trabalho do grupo.

Gisleide Oliveira, técnica do programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar do MOC, assessora o grupo desde a sua formação e alerta as mulheres sobre a importância de sempre estar buscando novos mercados.
 “O grupo tem garantido a sua comercialização para o programa de aquisição de alimentos (PAA) e prefeitura Municipal, mais é importante está atento para outros mercados, caso o convênio não seja renovado, até mesmo para ficar longe dessa crise financeira que afeta a população”, destaca Gisleide.

O valor significativo no tempero, sequilhos, bolos e outros produtos que o grupo produz é um exemplo da superação, as mulheres não dependem de muito esforço físico para mostrarem a força que tem. O grupo hoje conta com 17 Mulheres, entre elas, Dona Isabel Cerqueira, que antes tinha uma vida sofrida trabalhando no motor de sisal e ainda tinha que ter tempo para a casa e os filhos, conheceu o grupo de tempero Prosperar e há sete anos ela faz parte. “Antes minha vida era chorar o trabalho no sisal, além de tomar muito meu tempo, a renda era muito pouca, eu andava cansada, quase não tinha tempo para minha casa e minha família”, relata.

Antes do grupo, Dona Isabel ganhava R$ 12 por semana e emocionada,  recorda o dia em que deixou a vida sofrida para trás. “Eu trabalhava gestante porque eu precisava do dinheiro, cheguei até a desmaiar nos campos de sisal”, conta Dona Isabel. Depois desse acontecimento, ela deixou o trabalho no sisal e logo em seguida começou a participar das capacitações que formou o grupo. “Hoje eu me sinto uma mulher realizada, além do aumento da renda, que ajuda muito a mim e minha família, o conhecimento que eu adquirir ao longo desse tempo vou levar pra toda a vida”, afirma.


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