Agentes de saúde recebem capacitação em gerenciamento de recursos hídricos

07/01/2009

Em pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) sobre os índices de potabilidade da água das cisternas, no período entre 2005 e 2006, foi observado que a maioria dos reservatórios, especialmente os da região semi-árida, não são manuseados corretamente e não oferecem água adequada para o consumo humano. Um grande percentual destes reservatórios não apresentaram os padrões necessários de tratamento e higiene de acordo com as normas do Ministério da Saúde e ao passarem por uma análise bacteriológica demonstraram riscos de contaminação e proliferação de doenças.

A tendência de contaminação bacteriológica das águas das cisternas se apresenta devido à falta de abastecimento de água potável imediatamente após a construção das cisternas e, consequentemente, à recorrência ao carro-pipa que não oferece controle de qualidade da água transportada. Além disso, os beneficiados com as cisternas têm utilizado baldes e utensílios inadequados para captação da água.
 
Com base nesses pressupostos indicados pela pesquisa, a Articulação do Semi-Árido Baiano (ASA-Bahia), o Programa Água Para Todos, do Governo do Estado, a Secretaria de Desenvolvimento Social e combate à Pobreza (SEDES), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e Secretarias Municipais de Saúde, Movimento de Organização Comunitária (MOC) e entidades da sociedade civil, buscam através da capacitação de agentes comunitários de saúde acompanhar as famílias beneficiadas oferecendo orientações de cuidados com a água e prevenção de doenças.

A capacitação dos agentes comunitários de saúde configura-se como uma proposta inovadora em projetos de convivência com o semi-árido para construção de cisternas. As famílias beneficiadas são acompanhadas, através da educação continuada, no manuseio correto da tecnologia, utilização e cuidados com a água captada.

Para Bernadete Carneiro Santos, técnica do MOC e uma das mediadoras da capacitação, o curso é uma oportunidade para os agentes comunitários de saúde perceberem a sua importância na comunidade, além de intercambiar o conhecimento popular com o teórico, e promover melhores condições de vida e saúde para as famílias.

A capacitação – O curso tem carga horária de 16 horas e envolve um grupo de 30 agentes de saúde, que durante dois dias discutem sobre os seguintes temas: Um olhar para a comunidade; Tratamento da água; Gerenciamento da água e da cisterna; Conhecendo o Semi-árido Brasileiro; Água – Políticas Públicas e Cidadania; Monitoramento pelos agentes comunitários de Saúde e Importância da organização comunitária.

Entre os municípios contemplados pelo projeto, Araci, São Domingos, Quijingue, Cansanção e Nordestina já realizaram a capacitação. Serrinha, Coité, Tucano, Pé-de-Serra e Riachão do Jacuípe iniciam as atividades no decorrer de 2009.

Segundo a pesquisadora Maria Auxiliadora Freitas, que participou da primeira fase de capacitação, os agentes comunitários de saúde são importantes atores sociais que contribuem para o desenvolvimento do semi-árido. A partir deles pode ser estabelecido um contato mais próximo com as comunidades rurais, através da transmissão de informações e um trabalho de conscientização para o manejo da água das cisternas. “As cisternas são um benefício para as famílias e elas devem saber a forma correta de utilizá-las. O bom uso da água ajuda a evitar doenças e inclusive, reduzir os riscos de mortalidade infantil”, ressalta a pesquisadora.

 


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