Angolanos conhecem rádio comunitária

24/10/2008

Após passagem pelas cidades de São Paulo, Brasília e Salvador, os angolanos Mbuta Pascoal e Faustino Mesquita estiveram nos dias 23 e 24 de outubro na cidade de Feira de Santana para ver de perto como o Movimento de Organização Comunitária (MOC) e seus parceiros têm contribuído com o desenvolvimento do semi-árido baiano.

De acordo com karina Uzzo, representante do Instituto Pólis que esteve acompanhando os angolanos, a visita tem como objetivo conhecer experiências brasileiras para elaboração de um programa de cooperação sobre cidadania e políticas públicas.

Um país em reconstrução – Após 30 anos de guerra, a Angola está vivendo o momento de reconstruir sua história. Apesar de ser um país rico em petróleo e diamantes, a maior parte da população vive em condições miseráveis. Membro efetivo do Fórum das ONGs Angolanas, Pascoal conta que os administradores públicos estão mais abertos ao diálogo com a sociedade civil. “O nosso país tem muito petróleo, muito diamante, mas também é rico em natureza. Queremos aprender como utilizar toda esta riqueza natural para desenvolver o nosso país e dar dignidade ao nosso povo”, diz Pascoal.

“Eu costumo dizer que, com os problemas de aquecimento global pode faltar água em todo o mundo, menos em Angola. O problema é que nem todos têm acesso a esta água”, acrescenta Mesquita, representante da ONG Ação Angolana para Melhoramento e Apoio do Meio Rural, localizada na província de Benguela.

Primeiro contato com uma rádio comunitária – Durante a viagem para o município de Retirolândia, os visitantes ficaram encantados com a vegetação do semi-árido. Em meio aos pés de Mandacaru, Mesquita reconhece o sisal e orgulhoso afirma que em seu país também existe, no entanto a fibra é utilizada apenas na confecção de cordas e não no artesanato.

Mas os visitantes estavam mesmo ansiosos em conhecer uma rádio comunitária. “Quando nós chegamos em Brasília, ouvir alguém falar em rádio comunitária e fiquei pensando o que seria uma rádio comunitária. Nunca tinha ouvido falar”, disse Mesquita. No primeiro dia de visita, eles passaram a tarde na sede da Agência Mandacaru conhecendo a experiência de comunicação comunitária, gerida por jovens da região. “O que mais me encantou foi o nome da agência, pois o mandacaru é uma planta que mesmo com a seca, ela sobrevive”, conta Karina. Ao entrarem no estúdio de rádio da Agência Mandacaru, os angolanos ficaram impressionados em ver como equipamentos simples, aliados com vontade e compromisso podem ajudar no desenvolvimento de uma região.

“Eu perguntei se rádio comunitária era quando alguém entrava em nossas casas e montava uma rádio”, brinca Mesquita. As perguntas sobre o funcionamento da rádio foram inúmeras e após os questionamentos, as comunicadoras Camila Oliveira e Rose Rios, convidaram os visitantes para uma entrevista ao vivo.

Após o primeiro contato nos estúdios de uma rádio comunitária, Pascoal fala que em Angola as ONGs desenvolvem um jornal voltado para as questões da comunidade e que é produzido por jovens. “O que mais me chamou atenção foi ver como os jovens são comprometidos e nós também temos uma turma boa e quero aproveitar”, revela Pascoal.

Pascoal e Mesquita permanecem no Brasil até o mês de novembro, quando retornam para Angola com a tarefa de elaborar um programa de intercâmbio entre os dois países. “Gostaria de inserir tudo o que vimos no Brasil em nosso programa, mas não tem como”, revela Mesquita. Apesar da dúvida de quais experiências aproveitarem, eles têm uma certeza: Reunir a população para implementar uma rádio comunitária e utilizar a comunicação como estratégia para desenvolver Angola.  


DOWNLOAD DO ANEXO