Pesquisa fomenta discussão sobre alimentação escolar

23/07/2008

Desde 2007, o projeto realizado através do convênio entre Fundo Nacional do Desenvolvimento Educação (FNDE) e o Movimento de Organização Comunitária (MOC) tem se preparado aplicação de uma pesquisa que traça um Diagnóstico da Alimentação Escolar em 22 municípios da Região Sisaleira, com objetivo de contribuir para a segurança alimentar através da análise do cardápio, da relação da alimentação escolar com os produtos da agricultura familiar e formulação de propostas para inserir estes produtos.

Após a aplicação da pesquisa, está sendo realizada a devolução dos diagnósticos identificados, dos quais quatro municípios - Retirolândia, Conceição do Coité, Tucano e Quijingue- já realizaram as devoluções, momento em que a sociedade civil discute e encaminha propostas para os gestores e fiscalizadores da alimentação escolar. A pesquisa ainda está em fase de conclusão nos municípios, uma vez que alguns ainda estão fornecendo novos documentos, mas alguns encaminhamentos já foram definidos onde já houve a devolução.

No dia 17 julho, agentes multiplicadores realizaram o Seminário de Devolução da pesquisa com representantes da sociedade civil organizada, como Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais, Coletivo de Jovens, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, em Retirolândia.

Foi definida a criação de uma comissão formada pela sociedade civil, para dialogar com o Conselho Municipal da Merenda Escolar, responsável pela fiscalização da merenda, este é composto por representantes do poder público e sociedade civil, como pais, professores. Durante a reunião que aconteceu ontem (22), foi estabelecida uma nova data de encontro, uma vez que a nutricionista, Noemia Santiago, responsável pelo cardápio, não esteve presente. O objetivo é debater de que forma poderão ser incluídos na alimentação os produtos da agricultura familiar.

Atualmente produtos da agricultura familiar como o beiju, mel estão presentes em apenas sete das escolas 15 pesquisadas. Os produtos são fornecidos pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) como alimento complementar do cardápio, sendo este composto por sopa sem verduras, suco artificial, carne de charque e mortadela. 

Segundo Luziane Carneiro de Oliveira, membro da comissão é preciso cobrar do Conselho mais fiscalização para a qualidade da merenda e inserção dos produtos da agricultura familiar.  “Um dos encaminhamentos discutidos no seminário foi a possibilidade de iniciar uma parceria com os agentes multiplicadores do Projeto Prosperar para facilitar na identificação de agricultores que possam fornecer seus produtos e melhorar a qualidade da merenda”.

Em Conceição do Coité também foram definidas reuniões com o Conselho da Merenda Escolar e Secretaria de Educação no Seminário de Devolução que aconteceu no dia 18 de julho. No município não houve renovação do PAA com as escolas. Segundo Ilda Mercês, que faz parte da Comissão Municipal do PAA, o programa não vai mais atender as escolas e creches, umas vez que os produtos passavam por processo burocrático muito extenso até chegar às escolas e estava substituindo a merenda, quando o objetivo era complementá-la. O programa agora vai atender as associações e entidades de bairros carentes.

“O contrato dos agricultores com PAA, era muito importante porque além de ajudar a implementar a alimentação dos alunos era uma fonte de renda para os agricultores, isso valorizava os produtos da região, entendo que não existe interesse de que esses sujeitos ganhem autonomia” afirma Ilda Mercês.

Para Gisleide Oliveira, técnica do Programa de Agricultura do MOC um dos maiores entraves para a inserção desses produtos seria a falta da nota fiscal para regulamentar esses agricultores, no entanto, segundo ela as cooperativas podem cumprir este papel de centralizadora e organizadora desses trabalhadores.

 


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