A força da água movendo vidas no Semi-Árido.

22/08/2007

O processo de captação de água tem significado muito mais que o simples acesso das famílias beneficiadas à água. Cada município, através dos líderes comunitários das entidades da sociedade civil, está buscando junto ao poder público políticas públicas que ajudem melhorar a qualidade de vida. Essa é uma das metas do Programa de Água e Segurança Alimentar (PASA), do Movimento de Organização Comunitária (MOC), gestor do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC): captar recursos junto à empresas e entidades diversas para serem aplicadas em atividades para captação de água para o consumo humano e produção.

Até o ano de 2010 o programa tem como meta quantitativa atingir o número de 28 mil famílias com acesso à água de qualidade para beber e cozinhar. Este trabalho que teve início no ano de 2006, já conseguiu realizar 61% da meta prevista para 2007. Com 7.584 cisternas de placa construídas, com capacidade para armazenar 16 mil litros de água. Serão 12.400 famílias usando água corretamente, o que corresponde a uma estimativa de 62.000 pessoas beneficiadas diretamente.

Um trabalho participativo e de integração com a comunidade, onde o incentivo na busca de políticas públicas hídricas acontece através de capacitações com dirigentes e lideranças da sociedade civil nos municípios. Esta metodologia estimula os participantes a conhecer e sensibilizar as autoridades locais sobre questões e propostas de políticas públicas hídricas, junto às Comissões Executivas Municipais de Recursos Hídricos.

Iniciativas como o treinamento de inserção de emendas no orçamento municipal realizado em Serrinha, durante o mês de julho, com a participação de 10 municípios representam resultados práticos, segundo Maria Auxiliadora, integrante do PASA, voltados para realização de audiências com o poder público, onde estas lideranças já conseguem negociar diretamente com as autoridades. “Este é o ponto de partida para mobilizarmos as famílias e o poder público para conseguirem políticas públicas hídricas, voltadas para a melhoria de vida do agricultor”, afirma.

Aprendendo a cuidar da água - Para que a água seja utilizada de forma correta, foi criado o Gerenciamento de Recursos Hídricos (GRH), onde as famílias recebem capacitações sobre a melhor forma de tratá-la. Até o momento 7.984 famílias já tiveram acesso a essas informações, e são orientadas pelos técnicos do programa à utilizarem métodos antigos, mas, eficazes como coar e logo depois usar na água o hipoclorito de sódio ou como é conhecido, cloro, utilizando duas gotas em cada 1 litro de água que deseja tratar.

A partir da análise da água e das fezes de 10 famílias entre os 30 municípios, foi possível conhecer e discutir os efeitos da qualidade da água na saúde das pessoas. Constatou-se a diminuição nos índices de internações causadas por verminoses, como amarelão, que leva a diarréia.

Interface com Gênero - “Construção sempre foi considerada atividade de homem, eles diziam que as cisternas feitas por nós mulheres iam cair, não acreditavam na nossa capacidade”, conta Maria do Carmo, cisterneira da comunidade de Quitola, em Teofilândia. Junto a outras, a coordenadora do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do município (MMTR), disse que a idéia de trabalhar como pedreira surgiu da necessidade de obter renda e da falta de mão-de-obra qualificada, precisando muitas vezes trazer pessoas de outros municípios.

Em reunião na sede do MMTR, onde as mulheres fazem artesanato, muitas delas tiveram contato com a idéia de ser pedreira. Foi assim com Maria de Jesus Silva, hoje junto com as demais mulheres, já construiu 116 cisternas em comunidades como Zé Valério, Três Estradas, Serrote entre outras. Ganhando em média R$ 175 por cisterna, muita coisa mudou. Além de ajudar a renda da família essas mulheres são reconhecidas pelo bom trabalho que fazem. O programa que tem buscado a interface com a discussão de Gênero, esta desenvolvendo uma pesquisa qualitativa sobre o impacto das cisternas na vida das mulheres.

 


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