Água de qualidade para o Semi-Árido baiano

15/08/2007

Capacitar e organizar as famílias dos Territórios do Sisal, Bacia do Jacuípe e Portal do Sertão para a aquisição de água de qualidade para o consumo humano e produção, além de apresentar a importância do uso adequado das cisternas. Esse é o objetivo das Comissões Executivas Municipais de Recursos Hídricos, que atuam em 32 municípios desses territórios, com apoio do Programa de Água e Segurança Alimentar (PASA) do MOC, que é a entidade gestora do Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC).

São membros das comissões representantes de entidades da sociedade civil, entre sindicatos, movimentos de mulheres, associações comunitárias e de pequenos agricultores, paróquias e outras organizações do movimento social. No período de cadastramento para construção das cisternas, as comissões selecionam as comunidades e as famílias que serão beneficiadas com a implantação do reservatório em sua propriedade. Durante as reuniões promovidas nas comunidades, as famílias aprendem como funciona o projeto e quais os critérios para receber a cisterna.

Junto à Comissão Executiva, atua a Comissão Comunitária (CCOM), que é composta por três pessoas tendo, no mínimo, uma mulher no grupo. “Esta Comissão fica responsável pelo recebimento, conferência e distribuição do material de construção às famílias contempladas com a cisterna; além disso, a CCOM colabora na mobilização e realização das capacitações, reuniões, encontros e visitas de monitoramento e supervisão do processo de construção das cisternas”, conta Kamilla Santos, integrante do PASA.

Supervisão e seleção - De acordo com Eugênio Souza, presidente da APAEB de Araci, uma das cinco entidades que compõe a comissão executiva no município, as entidades integrantes das comissões acompanham constantemente os trabalhos do P1MC, desde a licitação à entrega da obra, priorizando no momento de escolha, as famílias mais necessitadas. “Obedecemos a critérios para seleção das famílias. O primeiro deles é que na propriedade não tenha água encanada. Também são escolhidas aquelas famílias que as mulheres sejam chefes de família, tenham em casa crianças na escola, idosos, deficientes físicos ou mentais e maior número de crianças com idade entre 0 e 6 anos”, afirma.

Até a construção da cisterna, a comissão executiva acompanha o processo de compra de materiais, gerencia recursos, licitações, prestações de contas, negocia com as famílias, fornecedores e pedreiros, além de supervisionar os equipamentos e a capacitação das famílias.

Kamilla aponta a importância do aprendizado contínuo das famílias que são beneficiadas pela cisterna. “Com a participação em capacitações, as famílias aprendem a tratar e cuidar da água e dos equipamentos construtivos, passando a entender melhor o processo de convivência com a Região Semi-árida, como uma questão de política pública”, explica.

Manutenção - Maria do Carmo, cisterneira no município de Retirolândia, fala da importância do acompanhamento às comunidades após a construção da cisterna. “Cuidar da higiene da água é a parte mais importante quando a família tem um reservatório para evitar doenças causadas por contaminações e é através das palestras feitas pelos membros das comissões, as dúvidas da comunidade são esclarecidas”, conta.

Desde 2000, 600 famílias no município de Araci foram beneficiadas com a implantação da cisterna em sua propriedade. “O lado mais gratificante por ser representante da comissão é poder levar um bem tão precioso quanto a água, às familias. Esse ano, o desafio para a nossa comissão é visitar todas as famílias atendidas para verificar se estão colocando em prática o que aprenderam no curso”, explica Eugênio.

Aumentando a qualidade de vida – No distrito de Jaíba, em Feira de Santana, 30 famílias foram beneficiadas com a implantação dos reservatórios. “A construção da cisterna na minha roça melhorou muito a vida da minha família. Há três anos tenho a cisterna e com a organização que aprendemos a ter nos cursos, dados pela comissão, melhoramos a água e o nosso alimento é feito com qualidade, porque com água suja a gente nunca tem comida boa”, diz João Moreira, morador da comunidade de Tapera, em Jaíba.

O agricultor tem ajudado os amigos, com o que aprendeu nos cursos. Com a colaboração de 30 familias de Jaíba, foi arrecadado um fundo, com o qual foi construída uma cisterna para o vizinho. "Assim colocamos em prática os conhecimentos adquiridos", conta João.


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