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“Desde pequeno sempre trabalhei na área rural ajudando meu pai. Fazia cercas, tirava lama de tanque, capinava pastos, no final do dia estava tão cansado que não dava nem para estudar”. Essa era a realidade de Robson Oliveira, do município de Riachão do Jacuípe, antes de iniciar sua trajetória no Projeto Prosperar como Jovem Multiplicador de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER).   

O projeto, iniciado em 2001, tem objetivo de gerar renda para as famílias beneficiadas pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e sensibilizar os jovens para sua condição de agricultores. Atualmente, atende cerca de 12,8 mil famílias de 32 municípios dos Territórios do Sisal, Bacia do Jacuípe e Piemonte, através da atuação de 322 jovens.  

O jovem Robson começou a participar do projeto em 2005, quando foi capacitado para dar assistência a 50 famílias das comunidades de Bom Jardim e São Francisco, em Riachão. “Continuo ainda com o plantio na minha propriedade, mas agora meu tempo é mais voltado para capacitação técnica de famílias da zona rural. Como não preciso fazer mais o trabalho pesado na roça tenho mais tempo para estudar, conversar com os amigos e ficar com minha família”, afirma Robson.  

Nas capacitações, os jovens aprenderam o manejo com animais, convivência com o Semi-árido, técnicas de apicultura, segurança alimentar, planejamento da propriedade, entre outras técnicas rurais. Robson explica que o aprendizado que teve durante dois anos de participação no projeto é muito melhor para sua realidade na zona rural, do que os conhecimentos que obteve em 12 anos de estudo na escola.  

Na visita às famílias, Robson ensina as técnicas de agroecologia, reflorestamento, plantio de hortaliças, mostrando aos agricultores as formas de plantio para aumentar a qualidade do produto. “Diariamente, a gente faz o acompanhamento da propriedade, visita os animais, mostra qual a forma correta para estar manejando com eles. Em casa, a gente não sabia nem como fazer para tirar um documento. Foi através das capacitações que aprendi como diversificar a produção, ter acesso às linhas de crédito e a outros serviços que o agricultor tem direito”, diz. 

A entrada no Prosperar aumentou a participação dos jovens no movimento social. “Antes eu só freqüentava a igreja católica. Hoje em dia sou filiado ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Riachão, coordenador da igreja e secretário da associação na comunidade de Bom Jardim, além do trabalho voluntário que faço no comissário do menor. Desenvolvendo esses trabalhos estou aprendendo muito e tendo oportunidade de discutir com a comunidade as principais necessidades da nossa região”, declara Robson. 

Alcançando sonhos – “Meus pais são pessoas humildes que não puderam me ajudar muito no estudo, por isso passei por grandes dificuldades por ter que conciliar trabalho e escola, mas sempre tive fé em Deus e superei essas dificuldades. Tinha o sonho de me capacitar na área rural e construir uma casa para minha família, consegui alcançar esses objetivos”, conta o jovem.  

Robson afirma que as metas não terminaram. “Meu objetivo maior é cursar a faculdade de agronomia, mas eu preciso de melhores condições financeiras, por isso vou me profissionalizar com o recurso que recebo da bolsa do Prosperar, fazendo um curso técnico, que está dentro das minhas condições financeiras”, conta. 

A geração de renda e melhoria na qualidade de vida não aconteceu apenas para as famílias acompanhadas pelos jovens, mas também dentro de sua própria casa do multiplicador. “Com o dinheiro da bolsa fiz um criatório de suínos e peixes, estou cultivando frutas e verduras em uma tarefa de terras que adquiri. Sempre tive vontade de ter essa chácara e foi com a renda gerada através do projeto que consegui realizar esse sonho. Os conhecimentos que adquiri estou aplicando na minha propriedade, diversificando a plantação e produzindo frutas e verduras que fazem bem à saúde porque não tem produtos químicos”, explica Robson. 

Troca de experiências - Com as capacitações do projeto e no convívio com as comunidades, Robson aprendeu técnicas que ensina às outras famílias da região e aplica também na sua propriedade. “Trocamos experiências, eu não aprendi só nas capacitações com os técnicos, aprendi também com as famílias, passei informações para elas sobre o meio ambiente, plantio, acesso ao crédito, e retribuíram com outras informações que eu não tinha conhecimento”, afirma. 

O jovem multiplicador também dá palestras em associações, sobre documentação, crédito, aproveitamento da produção, como fazer polpas de frutas, melhores épocas para cada plantio, além da forma adequada para manejo dos animais.