Escola e comunidade trabalhando juntas pelo desenvolvimento local

27/06/2007

Iniciado em 1994, o projeto CAT (Conhecer, Analisar e Transformar a realidade do campo) tem mostrado que é possível desenvolver uma metodologia que valoriza os sujeitos com seus diferentes saberes e culturas. Em 19 municípios, educadores e crianças estão Conhecendo a realidade, Analisando os dados obtidos e em seguida, após a construção do conhecimento voltado para a realidade local, apresentam à comunidade os resultados para juntos, escola e comunidade, encontrarem as formas de Transformar essa realidade.   

Durante o ano os educadores trabalham em sala de aula com temáticas ligadas ao dia-a-dia dos alunos, isso faz com que eles percebam a aplicação prática do conhecimento que está sendo adquirido. No final da unidade letiva ou da ficha pedagógica, os trabalhos que foram produzidos na escola são apresentados aos pais e a comunidade, durante a devolução do CAT. Para Josevonne Serafim, assessora do CAT desde 2002, este momento é muito importante para dar continuidade ao que foi trabalhado pela escola. “A devolução é fundamental para que se caminhe de acordo com o que foi pesquisado, vendo as potencialidades e dificuldades encontradas para chegar à mudança, à transformação”, explica.

Uma nova maneira de ensinar e aprender – Uma educação que não acontece apenas em sala de aula, mas, realiza atividades sócio ambientais na caatinga, no roçado. Essa tem sido a metodologia utilizada no município de Valente, localizado a 240 Km de Salvador. De acordo com a coordenadora do CAT no município, Joelma dos Santos Oliveira, muitas conquistas já foram alcançadas com o projeto e a comunidade tem contribuído bastante com as atividades. “Aqui nós valorizamos a comunidade, a cultura local. Quando a comunidade se sente reconhecida, contemplada no trabalho da escola, ela passa a contribuir ainda mais com o desenvolvimento local”.

Joelma dos Santos conta que após o momento da devolução realizado no ano passado, os alunos com a ajuda da comunidade identificaram uma queda na agricultura familiar. “Ao perceber que Valente é um dos municípios que menos planta, a escola assumiu a responsabilidade de mostrar para as famílias a importância da agricultura familiar”.

Em 2006 a parceria da escola com as associações comunitárias teve como resultado a ampliação das hortas de verão para todas as escolas do município. “A devolução do CAT incentivou muitas famílias a abraçarem a proposta e também cultivarem hortaliças”, disse a coordenadora que hoje sente-se feliz em ver a comunidade voltar a praticar a agricultura familiar.  Para fazer o acompanhamento das famílias, a secretaria de educação de Valente assumiu o pagamento de um jovem do Projeto Prosperar que durante três vezes na semana presta serviços de assistência técnica. Atualmente 12 hortas estão sendo cultivadas e apenas seis escolas do campo não possuem. “Esse número vai ser ampliado, e acreditamos que a partir de julho todas as escolas terão o projeto”, afirmou Joelma dos Santos.   

No município de Retirolândia comunidade, pais de alunos, representantes de entidades ou grupos organizados existentes estão participando e contribuindo com as atividades desenvolvidas pelas escolas, inclusive nas devoluções. “Através das devoluções que realizamos na escola, a secretaria de educação, o poder público em geral, associações e conselhos municipais ficaram cientes do que precisam fazer para ajudar no desenvolvimento da comunidade”, explicou Gildato Ferreira, coordenador do CAT no município.

 

Sobre o CAT- O projeto é desenvolvido pelo Movimento de Organização Comunitária (MOC) em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), as entidades da sociedade civil e as prefeituras de 19 municípios: Araci, Barrocas, Cansanção, Capim Grosso, Conceição do Coité, Ibiassucê, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Nova Fátima, Retirolândia, Riachão do Jacuípe, Santa Luz, Santo Estevão, Valente, Queimadas e Quijingue.

No processo de formação do CAT, os professores e coordenadores participam dos encontros intermunicipais de estudo, avaliação e planejamento das unidades letivas, oficinas e seminários temáticos nos municípios, ocasião em que os mesmos produzem o próprio material didático, adequado à realidade da escola, do município e da região. Desde quando foi criado, há 13 anos, os números de professores que trabalham com a metodologia do CAT tem crescido. Atualmente 1289 professores trabalham em 674 escolas de 646 comunidades. Mas, os números não páram por aí. Toda essa ação atinge diretamente à 35.226 alunos. 


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