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Abelhas: Operárias do Sertão
02/08/2006
Produzidos pelas abelhas, o mel é um alimento bastante rico e energético
por conter em proporções equilibradas: proteínas, vitaminas,
minerais, substâncias bactericidas e aromáticas. Além
do mel, as abelhas são responsáveis ainda pela produção
de Pólen, Cera, Geléia Real, Própolis, Apitoxina, polinização
de pomares, dentre outros.
A prática de criação de abelhas com ferrão (Apismellifera
L.), conhecida como Apicultura, é utilizada há muito tempo e
já foi registrada pelos egípcios (2600 a.C.). Existe também
Meliponicultura, criação de abelhas sem ferrão, conhecidas
como indígenas ou silvestres e encontradas facilmente no sertão
nordestino. O mel das abelhas sem ferrão é considerado o mais
delicioso que existe além de ser diferenciado por sua consistência,
aroma, coloração e sabor.
Toda essa riqueza acabava se perdendo nos pastos do sertão pela falta
de informação sobre o manuseio das técnicas de apicultura
ou de meliponicultura. Diante disso, o MOC em parceria com o grupo de Pesquisa
Insecta da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, sob a coordenação
do Pesquisador Dr. Carlos Alfredo Lopes de Carvalho, vem promovendo o desenvolvimento
das duas atividades de forma ordenada, qualificada, respeitando os princípios
de agroecologia e economia solidária, no Território do Sisal
e agora se estendendo para o território da Bacia do Jacuípe,
onde contam também com o apoio da Agência de Desenvolvimento
Solidário (ADS) e do Conselho Regional de Desenvolvimento Territorial
da Região Sisaleira da Bahia (CODES) para o desenvolvimento das atividades.
De acordo com Lana Clarton, Engenheira Agronôma do MOC, os apicultores
e meliponicultores envolvidos neste trabalho estão organizados em grupos
informais, associações e cooperativas. Todos oriundos da agricultura
familiar, onde não só são capacitados com técnicas
de produção como também, gestão das organizações
as quais estão envolvidos, tendo como prioridade os seguintes temas:
Elaboração de plano de ação; Viabilidade econômica
do empreendimento; Formação de preço; Economia solidária
e comércio justo; Comercialização e Boas Práticas
de Fabricação.
Lana acredita que a articulação e mobilização
dos apicultores da região sisaleira servem para adequar as técnicas
de manejo, resultando em uma produção qualificada e buscando
o resgate da meliponicultura, trabalhando as abelhas nativas na região
que até então estavam ameaçadas de extinção.
“Ao todo são aproximadamente 1.000 famílias que estão
trabalhando com a atividade da apicultura e cerca de aproximadamente 150 famílias
com a meliponicultura”, afirmou.
O sertão baiano é bastante propício à atividade
de Apicultura e Meliponicultura, com um excelente pasto apícola que
disponibiliza alimentação para as abelhas. A apicultura destaca-se
por ser uma atividade que além de prazerosa representa uma renda a
mais para as famílias e a meliponicultura trata do resgate das abelhas
nativas, fazendo com que a região não perca suas raízes.
Tanto a apicultura como a meliponicultura estão
diretamente ligadas a agroecologia permitindo o desenvolvimento de atividades
tão interligadas, porém com técnicas de manejo diferenciadas,
visto que a meliponicultura pode ser desenvolvida até mesmo na varanda
de casa, considerando apenas a existência de alimentação
e o fato das abelhas serem sem ferrão, o que não oferece riscos
ao homem.
Para criá-las, não é necessário adquirir máscaras,
macacões, fumigadores, centrífugas e outros apetrechos comuns
na apicultura. Podem ser instaladas em ambientes diversos como ocos de pau,
tubos de PVC ou caixas de madeira construídas especificamente para
este fim, chamadas de caixas, colmeias ou cortiços.
Segundo Tatiana Veloso, da ADS/CUT, a construção dos conhecimentos
deve partir da valorização e do resgate da experiência
de vida e de trabalho, através do respeito e reconhecimento da cultura,
do saber e dos anseios do quadro social e da busca de um processo contínuo
de socialização das informações, que subsidiem
a tomada de decisão.
“É importante que as informações circulem e que
os papéis de cada associado sejam pactuados, assumindo compromissos
e dividindo responsabilidades. Para isso, a visão na gestão
de um empreendimento solidário deve incorporar aspectos multidimensionais
e dinâmicos, compreendendo e se adequando às mudanças
e aproveitando as oportunidades”, pontuou Veloso.
Mel é um Alimento ou Remédio?
Apesar de muitos acreditarem que o mel serve apenas como remédio,
este produto é um rico alimento que deve ser consumido sempre e não
eventualmente. Para se ter uma idéia do valor nutritivo do mel, registre-se
que uma colher de sopa corresponde ao valor individual nutritivo de 2 bananas;
meia maçã; 2 laranjas; 150g de uva; 2 ovos e meio; 200ml de
leite; 40g de queijo; 100g de nozes; 50g de pão; 100g de carne; 150g
de peixe; 45g de cenoura; 300g de ervilha.
De acordo com José Domingos, que trabalha há mais de 15 anos
na prática de apicultura e há 05 anos com a meliponicultura,
comercializando e capacitando agricultores, o mel é um alimento que
não deve faltar na mesa das famílias. “Sempre tenho dito
que o mel é um dos principais alimentos do mundo e recomendo que todos
usem o mel diariamente, pelo menos duas colheres de sopa são o suficiente
para fortalecer o organismo e se prevenir contra várias doenças”,
concluiu.
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