Família Barbosa: “Nossa propriedade é uma diversidade de vida melhor”

12/05/2015

Na comunidade do Alto do Cruzeiro, no Sítio Cosme e Damião do município de Santaluz, seu Maurício Duarte Barbosa, conhecido por Mauricinho de 47 anos, e Maria Rossânia Barbosa da Silva, de 39 anos, gosta de ser chamada de Cleide, são agricultores determinados e dedicados a família e a propriedade. Cleide e seu  esposo  são de Pernambuco e estão na Bahia há alguns anos. Segundo seu Mauricinho, a agricultura sempre esteve muito próxima, pois desde pequeno já cultivava hortaliça, em especial tomates. Juntos quando vieram para a cidade de Santa Luz adquiriram a terra e  perceberam que nela estava a oportunidade de cultivar  hortaliças para se alimentar e futuramente  poder ter acesso ao mercado garantindo a  melhoria na renda familiar.

A propriedade da família fica localizada a aproximadamente 500 metros do município de Santaluz. “A nossa maior riqueza foi ter a terra.” Falar da terra e da água para a família é uma satisfação, diz Dona Cleide. A família tem uma propriedade com 15 tarefas de terra, e juntos com os dois filhos, Gustavo e Eduarda, trabalham e sobrevivem de tudo que produzem. “Das quinze tarefas que a gente tem, seis é de palma, uma parte pra cabra de leite, vacas, galinhas e 2 tarefa de terra para a horta que tem alface americano, alface comum, couve, pimentão, celga, rúcula, espinafre, coentro, cebolinha, salsa, maracujá, tomate e vamos ter muito mais” diz seu Mauricinho.

A união dessa família é a garantia do sucesso como cita a ultima e difícil experiência que tiveram. “A três anos eu sofri um acidente desloquei o osso da perna, foi mais ou menos quando eu comecei a produzir e minha esposa tomou conta sozinha de tudo. Recebi o auxilio mas não dava pra despesas e foi como o que já tinha plantado na horta deu pra superar as dificuldades que passamos. E era assim, meu menino cuidava do gado e minha mulher sozinha de todo resto. Foi muito difícil, mas graças a Deus e a horta a gente deu a volta por cima.” Fala seu Mauricinho emocionado.

Juntos eles falam da renda que contribui mensalmente com as despesas da família. “Varia entre 2 mil e 3 mil reais por mês principalmente porque a gente vende pra CONAB, pra merenda escolar do município e do estado, na feira livre, no carro de porta em porta, em alguns restaurantes, por encomenda quando as pessoas me ligam eu levo as hortaliças. Tem também as cabras e um pouco do leite da vaca que são os extras, mas o carro chefe da renda é a hortaliça.”

Seu Mauricinho fala que pra manter os alimentos saudáveis e bonitos usa produtos naturais. “Na terra eu uso esterco de gado eu coloco direto na terra  deixo alguns dias depois planto. E  eu não perco nada aqui, até a urina do  gado eu uso pra pulverizar as hortaliças. Eu pego a urina deixo ela três dias depois coloco meio litro de urina com cinco litros de água e pulverizo na vida completa do alface de uma a duas vezes e as outras hortaliças eu passo o fertilizante duas vezes no mês. Essas experiências aprendi com outros agricultores, quando participei de um intercâmbio na Paraíba e depois que usei vi que melhorou ainda mais produção. Agora,  ficaremos melhor por conta da tecnologia que recebemos, uma cisterna de produção.”

Embora já produzisse com muita determinação essa família agora terá a oportunidade de ampliar seus produtos. Depois que a cisterna de enxurrada foi construída, eles já tem muitos planos e aos poucos estruturam a propriedade para um grande passo. “Quero aumentar a plantação de maracujá, fazer a de mamão e de tomate por gotejamento porque pra nós já é uma saída. Além de fazer canteiros econômicos pra sobrar mais água. Também vamos terminar o espaço pra colocar as galinhas e já tem outro pra criação de porco.” Completa seu Mauricinho.

Ele também pensa na forma de armazenamento de alimento para animais como estratégias de conviver no semiárido. “A gente na seca acaba não tendo alternativa se não for o mandacaru e a palma, mas eu tenho aqui o capim de corte pra começar a guardar para alimentação dos animais.”

Cleide fala que todos esses processos fazem parte de uma família que começou a entender o semiárido. “Hoje a gente dá valor a tudo que tem porque a gente só tinha despesa. Começamos plantando só pra a gente foi muito bom porque economizou e também por comer alimentos naturais sem agrotóxicos, e agora comercializando já é outra coisa, e agora o nosso lucro melhorou muito. Tudo isso aqui é um orgulho.” Ela cita também os benefícios que a família conquistou “o carro que a gente faz entrega hoje foi depois da nossa horta, compramos mais criações, a nossa condição de vida ficou melhor. Só em ter um dinheirinho pra arrumar a casa tudo isso foi muito bom pra nós, aqui na nossa propriedade é uma diversidade de vida melhor” fala Cleide satisfeita.

A história de vida da família de Cleide e Mauricinho mostra o quanto é importante à união dos membros da família na construção de um semiárido cheio de possibilidades. Promove a autonomia das famílias, a mobilização social e geração de emprego. Eles não apenas mudam suas vidas. Eles contribuem também para que cada agricultor, cada agricultora tenham esperanças para promover um semiárido mais justo. Potencializar as ações que são construídas e alcançam o sucesso e o desenvolvimento sustentável a partir da construção coletiva e do envolvimento de todos e todas. “Tudo isso porque a família é muito importante, sem minha família eu não produzia o que produzo”, diz Mauricinho

 


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