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“Sem ela a gente não vive. Água é vida!’’
22/01/2015
“Aqui o produto é sem veneno e o sabor é outro, nem se compara” , afirma seu José Walter Alves Moreira, agricultor familiar da comunidade de Boqueirão município de Tucano. Há cerca de 3 meses ele e a sua esposa Ana Arilda de Jesus Moreira receberam a cisterna de enxurrada e a produção familiar está a todo vapor. Coentro, cebolinha, couve, alface são produzidos pelo casal, consumidos pela família e comercializados semanalmente na comunidade e na feira livre do município.
“Aqui é tudo natural. Utilizamos o esterco de cabra, adubos orgânicos e o nim para combater as pragas”, diz Dona Ana. Seu Zé é o responsável pela propaganda e assim a clientela já é certa. “Oxe, na feira não dá pra quem quer. Eu falo que é tudo coisa boa, tudo natural, de repente acaba e a gente vende tudo. O povo compra e fica satisfeito pra voltar outra vez”, conta.
Mas, a produção na propriedade do casal, nem sempre foi tão boa como é hoje. A maior dificuldade sempre foi a falta de água. Boa parte da água que abastece a comunidade é proveniente de um poço, aproveitada através de uma bomba, que sempre dá um defeito ou quebra. Seu Zé é a pessoa responsável pelo manuseio da bomba e junto com a comunidade soma esforços para tentar mantê-la em bom funcionamento. “Água sempre foi uma dificuldade aqui. Porque a gente precisa de água pra tudo. Sem ela a gente não vive. Água é vida”, diz
Uma grande preocupação da família é justamente sobre o desperdício da água. Dona Ana conta que sempre há o cuidado para reaproveitar o recurso e a consciência de preservação. “Aqui não tem desperdício, a gente usa o necessário. Água é tudo para nós”, afirma.
O cuidado com o meio ambiente também é refletido na adoção de outras práticas na propriedade. A família já não faz mais queimadas, nem corta as árvores. O filho mais velho , entre os 4 filhos do casal, Cleriston Moreira que também é técnico agrícola ajuda na conscientização ambiental e também é um grande incentivador do trabalho dos pais. “Ele sempre dá umas dicas a gente de como melhorar a produção e a propriedade”, diz Dona Ana.
A participação nos intercâmbios, nos cursos de água para a produção de alimentos e nos espaços do movimento social também têm permitido ao casal muitas trocas de experiências e novos aprendizados. Seu Zé relembra um curso que participou e onde assistiu ao filme “ O veneno está na mesa”. Ele fala que ficou impressionado com a quantidade de agrotóxico nos alimentos produzidos pelo mundo e passou a refletir mais sobre quais tipos de alimento consome junto com sua família. “Fiquei impressionado e não compro mais produto que não sei a procedência. Agora a gente produz e sabe que é natural, da terra, sem veneno nenhum”, completa.
Outra experiência que surpreendeu o casal foi a técnica para irrigação da horta através dos microaspersores feitos com palitos de pirulito e tubos de caneta. “Quando a gente viu essa técnica no curso, não acreditou que funcionasse. Mas, daí a gente fez, colocou aqui na horta e não é que funciona, mesmo? Funciona direitinho”, explica Dona Ana. “Minha vontade é participar de tudo. A gente participa dos encontros, aprende e proseia sobre muita coisa boa”, completa seu Zé.
Dona Ana e Seu Zé mostram que são parceiros também no controle das finanças da família. Todo o lucro que eles têm da comercialização dos produtos buscam investir no aperfeiçoamento da produção, na compra de mudas, telas e ferramentas. Eles pensam em produzir frutas e outras variedades de hortaliças e verduras. “Já plantamos aqui uns pezinhos de banana, manga e caju”, conta Seu Zé.
A produção de doces e sequilhos são também outros afazeres de Dona Ana. Ela participa de um grupo de produção de mulheres na comunidade, famoso pela produção de muitas delícias. “Tem as compotas de doces, cocadas, geleias, e as comidas de caju. Tudo a gente que faz”, explica.
Cada detalhe da casa, da propriedade e das histórias do casal refletem o sentimento de alegria e aconchego da vida em que levam. E Seu Zé diz: “ Nossa vida é boa, nosso lugar é aqui”. E em seguida Dona Ana reforça: “Deus o livre a gente sair daqui."
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