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Jovens do Sertão: um esforço coletivo de organização
16/04/2008
Até os sete anos de idade, a brincadeira de Verônica Brandão, moradora da zona rural de Serrinha, era cuidar dos irmãos menores e buscar água no tanque com um balde na cabeça. “Comecei a trabalhar na roça para ajudar minha mãe porque ela tinha seis filhos e eu ficava olhando as crianças e ia também para roça carregar água, buscar lenha e outras atividades na lavoura”, conta Verônica.
Verônica, que hoje tem 18 anos, foi escolhida em 1997 para participar das ações do Programa de Erradicação do Infantil (PETI) e explica que nessa oportunidade percebeu que sua vida poderia melhorar. “Nesse ano fui pela primeira vez na escola e passei a freqüentar a jornada ampliada, onde aprendi muita coisa e pude me dedicar aos estudos”, explica.
Com o ingresso na escola, a jovem se interessa pelo movimento social e aos 15 anos entrou no Coletivo Municipal de Jovens. “Sempre soube que meu lugar é na zona rural e para continuar na minha terra tive que procurar meios para conhecer meus direitos e deveres e melhorar a qualidade de vida da minha família”, relata Verônica.
Verônica explica que o jovem que participa do coletivo começa a entender o seu papel na sociedade e a importância das políticas públicas no desenvolvimento social. “Os jovens que antes andavam grandes distâncias para pegar água conseguiram cisternas através das ações dos coletivos. E esse é meu trabalho, fazer com que a voz da juventude seja ouvida e divulgar as ações do coletivo para que todos os jovens se envolvam e estejam aptos a transformar a sociedade”, conta satisfeita.
A jovem que está no coletivo há três anos, explica que melhorias na qualidade de vida surgiram com as alternativas de geração de renda estimuladas pelas capacitações sobre produção, cooperativismo, políticas públicas e acesso ao crédito. Verônica, além de participar do coletivo, é agricultora familiar e comercializa os produtos na feira livre de Serrinha com sua mãe.
Oportunidades – Vladson Silva, 30 anos, também foi um dos jovens que encontrou formas para participar da construção de políticas públicas para a juventude em Serrinha. Em 1993, Vladson participou do seu primeiro curso de políticas públicas e cidadania para jovens da zona rural.
Com esse primeiro contato com o movimento social, Vladson se associou ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais e conta que a única forma para sobreviver no campo era trabalhar em lavouras para receber diárias. “Meu pai sempre acreditou que nós temos que trabalhar para sobreviver porque se ele fosse dar tudo que os filhos queriam a gente ia ter dificuldades mais tarde para estar assumindo nossas responsabilidades”, conta.
Devido à falta de trabalho, muitos jovens tiveram que ir morar nas grandes cidades para conseguir um emprego. Mas apesar das dificuldades, Vladson decidiu ficar na sua região e em 2004 foi convidado para participar do Coletivo de Jovens.
“O coletivo abriu espaço para que o jovem pudesse estar atuando junto às comunidades. Esse processo de desenvolvimento nas comunidades rurais abriu portas para que a juventude tivesse maior participação nas entidades e encontrasse alternativas de geração de renda para seu sustento”, explica Vladson.
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