Juventude conscientizada – A terra prometida está aqui

14/09/2007

“Um jovem da zona rural como um outro qualquer”, assim se define Davi Andrade Santos, 23 anos, que mora no Povoado de Cajueiro, em Tucano.  Como os demais jovens do seu município, Davi – que na época tinha 20 anos de idade – era, como muitos outros jovens, direcionado pelos pais a estudar e seguir para São Paulo em busca de trabalho e melhores condições de vida.

 “Justamente no ano que me formava, apareceu um tal de MOC querendo organizar grupos de jovens e Tucano era uma das cidades que iria ter esse coletivo de jovens”, conta. As mudanças na vida de David aconteceram rapidamente e aos poucos, toda a família estava envolvida na organização da juventude local.  

Com exceção de Davi, todos os irmãos da família Andrade estavam trabalhando com o grupo de jovens. O interesse em trabalhar com e para a juventude surgiu em uma viagem para participar do I Congresso da Agricultura Familiar, realizado em 2004. Mesmo a temática não despertando seu interesse, a vontade de conhecer outros lugares permitiu que ele seguisse viagem. “Quando fiquei sabendo que era congresso sobre agricultura familiar, me desanimei. Meu pai sempre me disse para estudar, para não trabalhar na roça, mas, já estava no meio do caminho, não tinha como desistir”.  

“Nesse congresso ouvir diversas palestras, mas até hoje me lembro do discurso de um jovem com chapéu de couro na cabeça. As palavras dele me emocionavam”. Além de emocionado, Davi voltou de viagem com o desejo de rever muitas coisas em sua vida. A participação no Coletivo de Jovens possibilitou ver a realidade com outro olhar e aos poucos, o sonho de ir para São Paulo foi dando espaço ao sonho de crescer na própria terra.  

Atitude Política - Através do Coletivo conheceu a linha de financiamento para jovens existente no Programa Nacional de Crédito Fundiário. “Foi aí que pude conhecer melhor o MOC e com ele, surgiu o desafio de quebrar o preconceito que existia dentro de mim. Toda a minha expectativa de vida era me formar e ir para a cidade grande e agora estou lutando por terra igual ao MST”.  

Nas capacitações do Coletivo, a juventude de Tucano estudava sobre a participação do jovem na sociedade, associações comunitárias, conselhos municipais, movimento social e outros temas. “Não conseguimos a terra desejada, mas a mentalidade de todos os jovens envolvidos nesse processo não é mais a mesma. Os jovens estão envolvidos na comunidade, dentro das associações e até agora nenhum seguiu para a cidade grande”.  

Orgulhoso, o presidente do Fundo Municipal de Apoio Comunitário afirma que “nós jovens temos que protagonizar nossa própria história, ou seja, temos que ser também autores, tudo isso é uma constante aprendizagem”.  

Feliz em ver toda a família participando na associação, o jovem que muitas vezes ia para aula com fome e que sempre ajudou os pais na roça se considera uma pessoa mudada. “Tudo o que sou e que aprendi fora da escola agradeço ao MOC. Espero que o MOC continue fazendo esse trabalho, pois os resultados estão aí. O sonho de transformar o sertão mais justo e solidário não é apenas da entidade. Agora é de todos nós que habitamos essa região”.   

 


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