“O MOC foi minha escola e minha família“

05/09/2007

Em 40 anos de existência o Movimento de Organização Comunitária (MOC) foi presença constante e fundamental para o desenvolvimento comunitário e pessoal de gente que cresceu muito, como o agricultor familiar Antônio José Gonçalves de Souza. Morador do povoado de Subaé, em Serrinha, tem 57 anos de idade e destes, 30 ele passou em contato com o MOC, com quem aprendeu não apenas técnicas, mas a olhar a vida e a família de forma diferente, dando-lhes o devido valor.  

Apaixonado por criação como declara, já se interessava pelo trabalho comunitário na década de 70, através da Pastoral Social da Igreja Católica. Quando o MOC chega ao município com sua equipe técnica neste mesmo período, ele percebe que algo de diferente estava para acontecer. O MOC começa a realizar trabalhos de assessoria técnica às famílias.  

“A partir do ano de 75 tem três áreas que eu considero importante à atuação do MOC. Primeiro na produção, nós aprendemos a conhecer melhor a propriedade, a nossa rocinha. O planejamento da propriedade nos ajudou a compreender melhor o nosso trabalho e como obter a nossa renda” enfatiza Antônio. 

E na década de 80, é criada no município a Associação dos Agricultores do Estado da Bahia (APAEB), que se tornou um espaço de reuniões sobre os mais diversos assuntos voltados para a melhoria da qualidade de vida, como educação, produção, políticas públicas, tudo aquilo que uma família precisava para viver dignamente. Para ele marco importante deste trabalho até hoje. 

“A APAEB transmitia experiências sobre a produção, do outro lado nos servia de escola. Através dessa assessoria do MOC, a criação das APAEBS, somente veio somar pontos positivos” afirma o agricultor, que ao lembrar desse período ressalta com grande saudosismo a importância das Casas de Farinha para a produção e geração de renda daquelas famílias que ali puderam trabalhar. 

Assim como o MOC ele também tinha o ideal de transformar a sociedade. Era no espaço das assembléias, onde era possível encontrar mais de 500 participantes, que esses ideais se faziam mais fortes. “A gente acreditava que ia mudar tudo, que ia conquistar tudo o que a gente queria. Seria muito bom que surgisse uma coisa forte como o MOC e as APAEBS para nos atrair”.

Transformação Pessoal - Antônio é um homem que estudou até a 3ª série correspondente ao ensino fundamental hoje, no entanto, a sabedoria adquirida através da vontade de crescer e aprender mais fez dele um vencedor.  Através de cursos de capacitação técnica oferecidos pelo MOC ele pôde melhorar a sua própria produção e a criação. Mas foi através de curso de formação em gestão, administração pública que afirma ter conhecido os seus direitos enquanto cidadão e a forma de lutar por eles, por mais políticas públicas para o seu município.

Experiências como esta possibilitou a ele acumular conhecimento para hoje exercer a função de presidente da Cooperativa de Crédito do município, desde 2000. “Eu costumo dizer que não sou presidente do SICOOB, eu estou presidente. Tem o crédito para os agricultores familiares, para pequena e média produção, nisso o MOC tem sua influência, além de ser um parceiro forte nas cooperativas da região principalmente em Serrinha”.

Diante dos anos que se passaram Antônio vê que muita coisa mudou e como é gratificante dar as gerações mais novas oportunidade de viverem na sua terra sem precisar migrar em busca de sobrevivência nas cidades grandes. “A minha família é um exemplo de geração renda, de educação. Eu acho que o agricultor familiar quando tem filhos hoje já concluindo um curso superior, quando a gente sabe o quer e questiona as pessoas certas, quando a gente consegue ter uma mesa com abundância, eu acho que é gratificante. As comunidades onde o MOC tem atuado têm mostrado isso”.


A relação de Antônio José com o MOC é intensa e antiga, tanto que ele se permite expressar com sinceridade a sua opinião sobre esses longos anos de convivência. “Uma semana é pouco, um ano é pouco par falar da história do MOC, houve sim alguns tropeços, mas nada que supere os benefícios, se avaliarmos de 70 para cá, a questão da fome e da miséria diminuiu muito com a atuação do MOC. Por isso eu digo, MOC a gente ainda precisa muito de você”.


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