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Vozes de todo o Nordeste Brasileiro discutiram o direito à comunicação em Recife
18/03/2015
Estudantes, representantes do poder público, comunicadores /as e representantes de entidades do movimento social participaram de 12 a 14 de março na Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), em Recife do Encontro Nordestino pelo Direito à Comunicação: Somando vozes pela liberdade de Expressão. O encontro debateu questões sobre a democratização da comunicação no país, sua relação com a necessidade de uma reforma política e também a regulamentação da lei de mídia democrática, a liberdade de expressão e a descentralização da mídia de grandes conglomerados de comunicação.
Entre palestras, rodas de diálogos e atividades autogestionadas o encontro reuniu importantes nomes da comunicação no país e diversas experiências de comunicação popular e comunitária, entre elas o Correio Nagô de Salvador- Bahia, o Coletivo Nigéria de Fortaleza- Ceará, entre outras representações do Nordeste inteiro, voltadas para a comunicação e também para o fortalecimento dos direitos humanos.
A roda de diálogo: Mídia e Jornalismo no contexto atual – Uma abordagem do Direito Humano à Comunicação refletiu sobre a imagem estereotipada da mulher na grande mídia de massa, especialmente na publicidade e em materiais de grande circulação. A atividade discutiu ainda sobre como a grande mídia viola o direito dos negros, crianças e adolescentes e homossexuais e quais os mecanismos de enfrentamento, denúncia e repúdio a tais posturas. Contou com a presença do promotor de justiça do estado de Pernambuco, Maxxuel Lucena que falou sobre a necessidade da sociedade ficar atenta a violação dos direitos humanos através da mídia e a relação de poder entre linguagem e comunicação. “Precisamos refletir sobre o limite da brincadeira e do respeito e até que ponto está a liberdade de expressão. A mídia brasileira está construindo um discurso que não é o da sociedade; é o discurso que ela quer”, afirmou.
A comunicação digital também foi pauta frequente durante o evento. Além da cobertura de toda a programação em tempo real nas redes sociais, reforçando a importância do direito à comunicação e a regulamentação da mídia, houve também a participação de H. D Mabuse artista e estudioso da área digital da cidade de Recife. Mabuse apresentou sobre a internet e o direito à comunicação e, como se dá a manipulação de informações no universo digital e também como essa ferramenta é importante na articulação de muitas mobilizações sociais. Para ele, o sistema educacional brasileiro tem que incorporar o contexto dos sistemas de comunicação e a democratização da comunicação é uma bandeira social que não deve estar integrada a partido nenhum. “Deixemos de ser consumidores passivos de mídias e serviços de comunicação e passemos a adotar posturas de indivíduos ativos, não mais silenciados e sim ativistas e ruidosos”, completou.
As experiências de comunicação popular e comunitária do Nordeste foram apresentadas por
diversos segmentos como: artistas populares, veículos de comunicação comunitária e também comunicadores populares da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). A roda de diálogo: Comunicação e agroecologia trouxe diversas experiências de organizações sociais ligadas à ASA e as lutas pela democratização da comunicação no Semiárido Brasileiro. O Movimento de Organização Comunitária (MOC) apresentou o trabalho de educomunicação com crianças, adolescentes e jovens comunicadores e o Centro Sabiá, junto com a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) apresentou o vídeo Curta Agroecologia e refletiu sobre a agroecologia e o direito à comunicação. Como agricultores/as estão tendo as suas experiências divulgadas nas diversas mídias e como eles são sujeitos de suas próprias histórias e tem voz e vez.
Fernanda Cruz e Gleiceane Nogueira jornalistas da Articulação Semiárido Brasileiro apresentaram sobre a comunicação popular e comunitária no semiárido e refletiram sobre o direito à comunicação no semiárido, a partir da perspectiva que a região era vista como um lugar pobre, miserável, inviável e impossível pela grande mídia de massa e como a comunicação popular e comunitária tem contribuído para a desconstrução dessa imagem estereotipada e está divulgando o Semiárido, como um lugar vivo, positivo, possível. Cheio de oportunidades, de saberes e cultura e onde o seu povo é capaz , criativo e suas histórias podem ser contadas e divulgadas. “A democratização da comunicação está em todos os espaços de luta dos movimentos. No semiárido é importante dar vez e voz aos agricultores e agricultoras e isso só acontece de fato com a democratização da mídia. A comunicação popular, através de seus veículos específicos, como boletins e programas de rádio também é uma forma de democratizar a comunicação”, afirmou Fernanda.
O Encontro Nordestino pelo Direito à Comunicação também realizou um ato público pelo direito à comunicação e contou com a participação de artistas locais para chamar a atenção para a necessidade da sociedade de envolver mais e discutir politicamente esse tema. Outra forte bandeira do encontro foi divulgar e somar esforços para o Projeto de Lei de Mídia Democrática e fortalecer o debate para o Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação que acontece de 10 a 12 de abril em Belo Horizonte, Minas Gerais. Para Ivan Morais do Centro Luiz Freire e um dos organizadores do evento, essas ações representam oportunidades de engajamento, relacionamento e organização para a luta do direito à comunicação. “É necessário uma nova legislação para que novos sujeitos possam acessar o direito à comunicação e isso não fique restrito apenas à pequenos grupos”, completou.
Rachel Pinto
Programa de Comunicação MOC
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