Educação à distância nas Áreas Susceptíveis à Desertificação

25/04/2006

Professores e profissionais da educação e meio ambiente de todo o País estão sendo envolvidos no debate sobre a desertificação e têm um papel fundamental neste tema. "É claro que precisamos entender que a escola ou o professor não podem ser responsabilizados para resolver todos os problemas que acontecem no mundo, mas precisam participar deste processo de prevenção e principalmente de construção de uma educação ambiental que verdadeiramente funcione".

Esta é uma das afirmações dos participantes do Seminário "Construção do Programa de Formação à Distância para Educação Contextualizada nas Áreas Susceptíveis à Desertificação", realizado de 17 a 19 de abril de 2006, no Centro de Extensão Professor José Farias da Nóbrega, na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba. A cidade de Campina Grande, onde acontece o maior São João do mundo, também é conhecida como a sede nacional de debates envolvendo o problema da Desertificação no Semi-árido.

O objetivo do seminário foi construir as bases do Programa de Capacitação a Distância para Educação Contextualizada nas Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD) em todo o Brasil. Trata-se de um evento inserido na programação comemorativa do "Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação", definido pela Assembléia Geral da Organizações Nações Unidas (ONU) que proclamou o ano de 2006 como Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca.

João Bosco Senra, Secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, afirmou que a educação é um dos caminhos para a reconstrução dessas áreas. "Nas áreas afetadas, existe um percentual significativos de analfabetos e precisamos instruir a população para lidar com a realidade", afirmou.

No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação atingem 1.482 municípios, que apresentam os menores Índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do País, abrange nove estados do Nordeste, além do norte de Minas Gerais e noroeste do Espírito Santo. Estas áreas somadas representam um total de 1.338.000 km2 (15,72% do território brasileiro) e abrigam uma população de mais de 31.6 milhões de habitantes (18,65% da população do País).

O evento contou com a participação de especialistas e educadores de todo País, especialmente dos estados do Semi-árido brasileiro. Participaram dos debates representantes dos Governos Federal e Estaduais, da Cooperação Técnica do Governo Federal da Alemanha (GTZ), do Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola (IICA), de diversas universidades e instituições de pesquisas, além da sociedade civil organizada, que foi convocada a apresentar iniciativas de formação de educadores, comunicadores e produção de conhecimento à distância.

Sobre a construção coletiva das temáticas, objetivos e ações do Programa de Formação à Distância para Educação, José Roberto de Lima, coordenador do Programa Nacional de Combate a Desertificação, disse que é uma forma de fazer com que as ações aconteçam com qualidade e justiça. "Este novo olhar que estamos presenciando sobre a questão da política pública é o elo de enraizamento do que nos parece ser uma sociedade justa. Eu creio que nenhuma ação na área publica pode ser isolada".

Novos encontros acontecerão envolvendo outros ministérios como o de Desenvolvimento Agrário (MDA) e será formado um grupo de trabalho com o Governo Federal, universidades e as entidades da sociedade civil.

O MOC no Seminário - O Programa de Comunicação do Movimento de Organização Comunitária (MOC) apresentou no Painel de Experiências o seu trabalho de formação de comunicadores e educomunicadores nos Territórios do Sisal e Bacia do Jacuípe. A ação iniciante do programa é a Educomunicação do Campo que pretende unir estas duas importantes ferramentas (Educação e Comunicação) para dinamizar o processo de aprendizagem e construção coletiva de conhecimento nas comunidades rurais, a partir da utilização dos meios de comunicação no dia-a-dia escolar.

O projeto Encontro na Sala presente em 4 municípios é uma das ações desenvolvidas na escolas, onde meninos e meninas que estudam de 1a a 4a séries estão produzindo programas de rádios e boletins informativos. Outras ações como a Rádio Móvel, programas de rádio, fanzines e boletins impressos, o Jornal Giramundo e o dia Regional da Comunicação na Escola já foram desenvolvidas pelos jovens comunicadores sociais (hoje integrantes da Agência Mandacaru de Comunicação e Cultura) também envolveram educadores e tiveram boa repercussão nas escolas da região.