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Intercâmbio de agricultores/as confirma a ação como uma das metodologias mais importantes da agroecologia
07/02/2020
O Movimento de Organização Comunitária – MOC, promoveu, em fevereiro, no município de Cícero Dantas, à visita de intercâmbio entre agricultoras e agricultores familiares público da assessoria técnica do Projeto de Segunda Água, financiado pela Secretária de Desenvolvimento rural- SDR/CAR. Essa ação faz parte do processo metodológico previsto no projeto do Programa Segunda Àgua, Convênio 027/2013, firmado entre Ministério da Cidadania e Secretária de desenvolvimento Rural –SDR e tem como objetivo central dessa ação possibilitar a troca de saberes entre as famílias, a partir de vivências nas experiências focadas nas tecnologias de captação de água das chuvas e de práticas agroecológicas de convivência com o semiárido.
A visita de intercambio foi guiada pela/o assessor/a da Associação Regional de Convivências Apropriada ao Semiárido – ARCAS, Adriana Sá e Emerson Augusto e pela coordenadora do projeto Ana Dalva Santana e pelo técnico de campo Marcelo Militão do MOC.
Na oportunidade o grupo de agricultores/as familiares puderam conhecer e dialogar com diversas experiências de agricultores/as do município de Cicero Dantas, das comunidades Limeira e Lagoa Grande, que já vem desenvolvendo práticas e técnicas de produção de alimento com base na agroecologia e na perspectiva da segurança a alimentar nutricional, além de poder ter noções básicas sobre a importância da tecnologia para permanência e da melhoria na qualidade de vida.
Ainda, durante a programação as/os agricultoras/es conheceram mais afundo sobre manejo e adução orgânica da horticultura, da importância dos pequenos criatórios e da preservação da natureza, além de conhecerem experiências protagonizadas por jovens, a exemplo de Tamires, da comunidade Lameira que retornou depois de alguns anos morando na sede do município para sua comunidade e encontrou na horticultura sua maior fonte de renda, e principalmente sua melhor mudança na qualidade de vida, ela foi contemplada com uma cisterna do projeto P1M2, ação desenvolvida pela ARCAS/ASA e a partir dessa conquista sua atividade principal e geração de renda é oriundo da lida com a horticultura.
“Eu trabalhei cinco anos como frentista de um posto combustível, sentia tantas dores nas pernas e comecei a ter uma tosse muito forte devido ao cheiro da gasolina e daquilo tudo lá, eu pedi para sair e voltei para casa, foi aí que comecei a ajudar minha mãe, conheci o pessoal da ARCAS e ganhei a cisterna, depois disso até estudar para ser técnica em agricultura. Cursei ensino médio e sou hoje técnica em agropecuária, vivo da minha horta, comercializo meus produtos na feirinha, junto com as outras mulheres, ganho muito mais do que ganhava lá, além de ter mais saúde e ser mais feliz”, destacou Tamires.
Outra visita ocorreu na família de Dona Zélia e seu Galego, que puderam apresentar sua área de produção de hortaliças, bem diversificada. Seu Galego, falou sobre os desafios que enfrentou quando iniciou a prática do cultivo hortaliças, mas, traz muito animado o quanto sua vida se transformou e vem mudando cada vez mais. “Tudo o que eu tenho hoje, foi daqui que tirei, se hoje eu tenho carro, moto, uma casa boa, comida boa, tudo foi tirado da minha horta, até o poço que cavei, o dinheiro para pagar foi das vendas nas três feiras que pego e na venda para outros consumidores que já é meu freguês. O trabalho aqui não é difícil, ele é cuidadoso, eu e minha família vive daqui, ressaltou Seu Galego.
“O grande aprendizado que a gente leva daqui é que estamos sendo contemplados agora por uma tecnologia, alguns aqui já fizeram algumas coisas, mas podemos observar o quanto ela pode melhorar nossas vidas e fico mais feliz por ver jovens assumindo e permanecendo no campo, talvez, essa seja o nosso maior desafio, criar condições para os jovens, dando oportunidades de gerar renda, destacou André Luiz, membro da Comissão Municipal de Itapicuru.
Ao final do intercâmbio, houve o momento de avaliação das visitas, considerada proveitosa pelo grupo e também pelas/os agricultoras/es da localidade.
O intercâmbio foi um importante momento de troca de experiências entre agricultores/as, onde além de conhecerem as tecnologias de convivência com o Semiárido, puderam ver implantados e funcionando os caráteres produtivos, conhecer experiências agroecológicas e as práticas alternativas na produção de alimentos saudáveis. Essa atividade tem se confirmado como uma das metodologias mais importantes da agroecologia. É na troca de saberes e sabores que o conhecimento se amplia, de forma interdisciplinar e descentralizada.