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Projeto Cisterna nas Escolas realiza intercâmbio no Território da Bacia do Jacuípe
29/11/2016
Movimento de Organização Comunitária realiza entre os
dias 29 e 30 de novembro, através do Projeto Cisterna nas Escolas, o Intercambio
de troca de saberes que no primeiro dia aconteceu na propriedade Agroecológica
de Eduardo Emídio dos Santos, que mora no distrito de Barreiros, município de
Riachão do Jacuípe. A atividade é resultado do Módulo III do projeto que trata do
processo da Educação Contextualizada no Semiárido.
Cerca de 30 pessoas, entre educadores/as e
sindicalistas dos municípios de Lamarão, Ichu e Riachão do Jacuípe participaram
do Intercâmbio com o objetivo de propor ações continuadas sensibilização e
fortalecimento da educação contextualizada para convivência com o Semiárido
identificando os aprendizados a partir dos processos formativos dos 3 módulos
estudados.
Além disso, tem a proposta de intercambiar fazeres e
saberes, construir e socializar propostas de atividades pedagógicas que contemplem
as áreas de conhecimento a partir das aprendizagens e vivências na visita a
propriedade rural aprimorando-a nos processos metodológicos na sala de aula.
Segundo Bernadete Carneiro, técnica do Programa de
Educação do Campo Contextualizada, ressalta que “os professores de Lamarão, Riachão
e Ichu tem a oportunidade de ampliar o conhecimento sobre a convivência com Semiárido
e suas tecnologias tendo isso como elementos pedagógicos para ser debatido na
sala de aula conhecendo na prática uma propriedade que têm práticas
agroecológicas e para, além disso, conhecer experiência de uma família que vivi
com 90% a partir da produção da propriedade”.
A
experiência
Eduardo Emídio dos Santos junto com esposa e filho
residem no distrito de Barreiros, e há 16 anos, planejaram a propriedade
herdada, onde hoje tiram o sustento da família. Para ele a luta nunca foi
fácil. Desde que viu uma reportagem nos anos 90 sobre a região do semiárido brasileiro
decidiu voltar com sua esposa para mudar a realidade que a grande mídia impunha
ao nordestino. “Eu decidi voltar a minha terra, deixar o trabalho de gerente de
supermercado, para mostrar que aqui tudo que nós pensamos pode dá certo de
forma simples e com a criatividade para adequar as nossas ideias e técnicas”,
completa o agricultor.
A propriedade está dividida com estoque de alimento
animal, pomar, hortaliças, animais em confinamento para produção de leite, revitalização
de plantas nativas da caatinga agrega inúmeras técnicas observadas e estudadas
pelo agricultor, que não possui formação acadêmica na área, mas que ao seu modo
e participação em intercâmbios implementou na propriedade. “Aqui minha família e
eu temos tudo para comer, não apenas convivemos, nós sobrevivemos da nossa
propriedade. Eu tenho orgulho de mostrar o contrário da reportagem que vi,
somos a prova que tudo aqui pode dá certo. Muita gente acha que aqui é seco
demais, é preciso entender e conhecer a sua terra, o sol é importante, a chuva
é importante só basta entender e buscar o conhecimento da própria terra, ela
ensina”, ressalta Eduardo.
Ele destaca ainda, “quando, bem no inicio de tudo, eu
decidi mostrar as minha ideias e ninguém acreditava no meu projeto, eu parti
para as crianças. Elas sempre estão em processo de formação e deu certo. Hoje o
que vejo aqui são educadores/as buscando conhecimento da agroecologia para
aplicar na sala de aula mostrando que o Semiárido é rico em tudo e isso nós precisamos divulgar”.
As
lições
Para os/as professores/as presentes mesmo morando e
estando no Semiárido ainda há muito para fazer. Impressionados/as com a
experiência e as técnicas aprimoradas pela família os saberes adquiridos pode
aprimorar as ações pedagógicas que contemplam as áreas de conhecimentos
(matemática, história, geografia, ciências) contribuem no ensino-aprendizagem
como processo formativo e de fortalecimento para uma educação do campo
contextualizada.
Para a professora Haydeé Oliveira Mota, do município de
Ichu, comunidade de Varjota, diz que “a experiência serviu de muito
aprendizado, pois fica mais fácil passar informações para os alunos. As
experiências do plantio, a forma com as plantas junto à palma tem uma outra
produtividade, isso pode ser aprimorado com mais estudos e passado promovendo
uma educação viável”.
Luciente dos Santos Batista, do município de Lançarão, disse
que “está sendo bastante proveitoso, tendo novos conhecimentos e também as
novas vivencias. Eu não tinha consciência que tanta coisa bem perto de nós
pudesse aproveitado de forma objetiva podia ser melhor no desempenho na
agricultura”.
Os intercâmbios tem um propósito de estimular a troca
de saberes. O projeto Cisterna nas Escolas possibilita uma visão diante do contexto
histórico no Semiárido. Falar sobre a dificuldade de armazenar água é o inicio
de um debate que a escola promove tanto para professores/as e alunos/as de
desmitificar a imagem que se tem do semiárido, utilizando elementos simples de
conhecimento, aplicando a frase de Paulo Freire que disse “quem ensina
aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender”.
Por
Kívia Carneiro
Comunicóloga
Programa
de Comunicação do MOC