Neste ano, o Brasil
protagonizou um cenário que estava escamoteado numa explícita violação à
democracia, de modo a tentar silenciar as
vozes das mulheres, onde a misoginia e o crime de ódio alastraram as fileiras
da negação de direitos historicamente conquistados. Superar os padrões cruéis
de comportamento machista e promover uma cultura de paz e equidade de gênero é
para as organizações de mulheres e feministas a mola mestra do ativismo pelo
fim da violência e garantia dos direitos humanos das mulheres e meninas.
Em
2018, a Lei Maria da Penha completou 12 anos e representa
um marco para a proteção dos direitos das mulheres ao garantir punição mais
dura pelas diversas tipificações de violência cometida contra as mulheres no
ambiente doméstico e familiar. Na contramão das conquistas duramente
alcançadas, os dados apresentam um elevado índice de violência o que, muitas
vezes, culmina em feminicídio.
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança
Pública, em 2017 ocorreram 4.539 homicídios de mulheres, o que
representa um aumento de 6,1% em relação ao ano anterior. Desse total, 1.133
foram registrados como feminicídios. Essas subnotificações apontam também o desafio da superação da cultura
da violência de gênero, quando esta é naturalizada, aceita e reproduzida – o
que dificulta o acesso das mulheres aos equipamentos de proteção, bem como
inviabiliza a implementação da Lei Maria da Penha, já que muitas delas deixam
de denunciar as agressões sofridas.
Os
dados também apontam que no Nordeste, 3 em cada 10 mulheres (27,04%)
sofreram pelo menos um episódio de violência doméstica ao longo de sua vida e 1
em cada 5 mulheres (20,1%) soube na infância de agressões físicas sofridas por
suas mães. Neste contexto, parceiros e ex são apontados como responsáveis quase
pela totalidade absoluta da violência doméstica praticada contra as
mulheres nordestinas. Na Bahia, as estatísticas chamam à atenção; o número de
feminicídio passou de 243, em 2006, para 441 em 2016. A variação foi de 81,5%. Neste
cenário, vale destacar que, recorrentes
reformas e cortes orçamentários ampliou a precarização das políticas e
serviços públicos que deveriam zelar e proteger a vida das mulheres e meninas.
Deste modo, reafirmamos que vidas humanas
importam, e, mais uma vez o MOC junto às organizações parceiras pactua a luta e
resistência com a realização da campanha: #PelaVida: Não a Violência contra Meninas e
Mulheres!
Com
os pés fincados no chão dos nossos territórios, seguiremos combativas a todas
as formas de opressão que fere nossos corpos, nossa subjetividade, nossas
histórias, nossos símbolos e modos de ser e existir. Que esta caminhada dos 16
Dias de Ativismo pelo fim da violência, possa ressignificar o nosso compromisso
pela vida das meninas e mulheres!