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8 de Março: Trajetória de lutas, resistências e conquistas das Mulheres
08/03/2018
No contexto histórico e desafiador atual, torna-se preciso
resgatar a trajetória de luta e resistência das mulheres, em diferentes tempos
e lugares, como também nas diversas maneiras de resistir ao sistema opressor ao
qual historicamente as mulheres são submetidas.
O dia 08 de março é um marco na luta das mulheres, pela
garantia de direitos. As vozes ecoam nos becos, nos guetos, nas vielas, nas
ruas para que nem mais uma vida seja leiloada pelo racismo e
hetero-patriarcado. Relata-se e celebra mais do que conquistas, mas de tudo que
ainda que falta para as mulheres, sobretudo, por uma vida livre de todas as
formas de violência e opressão, como: violência de gênero, desigualdade salarial,
assédio moral e sexual, feminização da pobreza, mercantilização do corpo,
sub-representação na política, exclusão dos espaços de poder e decisão
política. Inúmeras são as formas de violação dos direitos das mulheres, que
cotidianamente são submetidas pelo sistema patriarcal que encontra nas leis e
no Estado a “autorização” para perpetrar.
É nesse momento de retrocessos e do golpe instalado no nosso
país, com as retiradas de direitos, na reforma trabalhista e precarização do
trabalho, congelamento de gastos que torna crescente a pobreza entre as
mulheres, já que para muitas delas são abandonadas e sustentam sozinhas suas
famílias. É por elas, por nós e por todas as outras que conclamamos a marchar
por Direitos, Democracia e Autonomia.
Nenhuma sociedade pode ser justa e igualitária, se as
mulheres ainda vivem presas em correntes, mesmo aquelas invisíveis. A violação
dos direitos das mulheres é violação dos direitos humanos e precisa ser denunciado
e combatido urgentemente. Quantas Marias, Helenas, Brunas, Yara haveremos de
perder?
A hora é agora: somos
diversas, somos fortes; rurais, urbanas, das periferias, negras, indígenas,
jovens, lésbicas, transexual. “Somos agentes coletivos da história e a história
não pode ser apagada como páginas de internet” (Angela Davis).
O ativismo das mulheres rurais é histórico, pois segue vivo e
forte contra as desigualdades de gênero, raça e classe. No centro das agendas
dos movimentos, estão principalmente às reivindicações de forma mais incisiva
no combate a violência contra as mulheres e meninas, no qual a insuficiência de
equipamentos e estruturas adequadas para as mulheres serem atendidas, são as
principais barreiras para romper o ciclo da violência, além das poucas
iniciativas de geração de renda, o que consideramos de grande relevância para a
autonomia das mulheres.
Estamos convencidas de que não haverá grandes mudanças, se
não houver igualdade de participação das mulheres na política. No cenário
nacional, somos apenas 9%. Representatividade importa! Por mais mulheres na
política e nos espaços de poder, participando diretamente das tomadas de
decisão sobre as políticas para as mulheres e de gênero.
Somos Dandara, Carolina Maria de Jesus, Margarida Alves,
Dilma Rousseff, Maria da Penha. Somos a
resistência, o grito de liberdade e justiça. “Eu não sou livre enquanto alguma
mulher não o for, mesmo que as correntes delas forem muito diferentes das
minhas” ( Audre Lorde).
Mais que celebrar e desejar um feliz dia da Mulher
(esse são todos os dias do ano), o Movimento de Organização Comunitária – MOC
almeja, luta e anseia por mais dignidade, liberdade, autonomia, respeito à vida
das mulheres, sendo MULHER protagonista da sua história, da sua escolher e do
seu querer, construindo assim um sertão mais justo.
Texto: Selma Gloria
Programa de Gênero do MOC