Seguindo em frente

09/05/2007

É apenas o início, mas já é possível perceber na atmosfera de entusiasmo, persistência e dedicação da família dos agricultores José dos Reis Boaventura da Silva e Josefa Moreira da Silva, como os primeiros benefícios das experiências realizadas em sua propriedade estão ganhando força e sendo levados a diante. Situado a 30 km do município de Araci, na comunidade da Baixa, o sítio recebeu a visita de jovens do Projeto Prosperar, técnicos do MOC e de Andréa Mögle, representante da organização não-governamental Evangelischer Entwicklungsdienst (EEI), que observaram como as ações desenvolvidas pelo MOC em parceria com a entidade Pão para o Mundo estão dando bons frutos.

A família foi selecionada para a instalação do sistema de cisternas calçadão e de barragem subterrânea, que tem como finalidade armazenar água das chuvas para o consumo humano e agricultura. O sistema foi adaptado do estado da Paraíba para as condições locais e os próprios moradores, foram capacitados para trabalharem na construção e manutenção das cisternas.

Inicialmente o projeto contava com uma cisterna com capacidade de armazenar 58 mil litros de água, mas, para a segurança do empreendimento optou-se pela divisão em duas cisternas de 26 mil litros. O processo consiste em aproveitar água da chuva que cai na superfície do calçadão e escoa para uma caixa, onde é levada através de canos para as cisternas.

Diferente da cisterna calçadão, a barragem subterrânea consiste em reter a água no próprio solo com a ajuda de uma lona de 3 metros de altura por 90 m de comprimento. Com essa técnica o solo permanece úmido e apto para o plantio.

Primeiros resultados – Além de realizar as atividades domésticas, já foram plantadas hortaliças, jaqueiras, laranjeiras, bananeiras, macieira, licurizeiro, feijão, milho, palma, que estão em fase de desenvolvimento. A escolha do que será cultivado é uma decisão da família, que conta com a orientação dos técnicos em agricultura para identificar o tipo de planta que se adequa a diversidade de cada solo. “É preciso aproveitar as características individuais de cada planta para usar em favor do solo. Plantas com raízes profundas ajudam a reter a água, já as gramíneas vão ajudar a proteger o solo desgastado”, explica o técnico Abimael Passos.

Com outras experiências a família tem apostado em alternativas capazes de melhorar a convivência com o semi-árido utilizando técnicas simples e que dão resultados. Um exemplo disso é a meliponicultura, criação de abelha sem ferrão, que já é empreendida por Marconi Moreira da Silva, filho do casal, que também é um jovem do Projeto Prosperar.

De mãos dadas com a comunidade e a natureza - A propriedade de José dos Reis, ou Reizinho como é conhecido pelos amigos e vizinhos, tornou-se um espaço aberto para que as demais pessoas da comunidade possam se beneficiar com o projeto. As dez famílias que trabalharam na construção podem fazer uso da água e cultivar em algumas partes da propriedade. Conscientes do cuidado que devem ter com o bioma natural e a própria saúde eles dão preferência ao uso de produtos agroecológicos, como inseticidas e fertilizantes naturais.

Para ele, a convivência com o semi-árido não é mais um problema. “Acabou a seca para a gente, temos aproximadamente 50 mil litros de água que se forem apenas direcionada para consumo humano dura em média três anos, seria maravilhoso se em outras localidades as pessoas pudessem ter este recurso” conta o agricultor que se diz satisfeito com a perspectiva de não ficar sem água durante os períodos de seca.