Allan Callahan realiza oficina sobre "Utopias" com equipe técnica do MOC

27/10/2016
Allan Callahan realiza oficina sobre

 “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
Eduardo Galeano citando Fernando Birri

Dando continuidade ao processo de formação continuada da equipe institucional do Movimento de Organização Comunitária (MOC) foi realizada nesta quarta-feira (26) a oficina “Utopias na atual conjuntura política, estratégias de animação e motivação para os movimentos sociais seguirem firmes nas trincheiras da luta”, mediada pelo norte-americano Dr. Allen Callahan, que dentre outros títulos é professor de línguas e PHD em Estudos Bíblicos na Universidade de Harvard.

“Utopia” é definida na literatura como a ideia de civilização ideal, fantástica, imaginária. Como um sistema ou plano que parece irrealizável, é uma fantasia, um devaneio, uma ilusão, um sonho. Do grego “ou+topos” que significa “lugar que não existe”. No sentido geral, o termo é usado para denominar construções imaginárias de sociedades perfeitas, de acordo com os princípios filosóficos de seus idealizadores.  

“Precisamos sempre começar com a visão da utopia, isso serve como guia ideológica pra a agente, sem isso a gente fica sem rumo, sem direção certa. A gente está enfrentando um momento de desafios, mas precisamente por causa disso, a gente precisa imaginar coisas inéditas. Coisas que a gente nunca fez antes: novas estratégias, ideias, novas tarefas e ao menos tempo lembrando que nossas conquistas, mesmo estando no passado, serve como guia para nosso caminho. Tenho toda expectativa de que os movimentos sociais vão fazer coisas sem precedentes porque o memento é preciso”, ressaltou Callahan quando questionado sobre como enfrentar os desafios enquanto movimento social diante da situação sóciopolítica e da filosofia que ele apresenta.

Em sua fala Callahan apontou num dos trechos bíblicos escritos por Miquéias, uma visão clássica da utopia na realização de um mundo justo, igualitário, da reforma agrária, da intolerância religiosa, da necessidade de destruição dos aparelhos concretos que facilitem a indústria da guerra. “Toda visão de utopia verdadeira tem que ser ambiciosa, concreta, coletiva, com direitos iguais. Ninguém pode ficar fora do alcance da nossa utopia”, declarou. “Devemos e precisamos montar na história um projeto impossível”, disse.

Divididos em grupos os participantes foram convidados a debater sobre três pontos básicos: “Utopia, Conjuntura e Agenda”, relacionadas às seguintes perguntas, respectivamente: “O que queremos realmente? Como conseguiremos o que queremos? Como conseguiremos o que queremos?”. Muitas foram as reflexões dos grupos relacionados às estratégias e os caminhos a serem seguidos na garantia de direitos diante da atual conjuntura não só a brasileira, mas mundial. 

O assessor do MOC e coordenador da ASA Bahia, Naidison Baptista, declarou que é muito bom ver, sentir e participar da equipe do MOC e juntos refletir sobre utopia. “Refletindo sobre a utopia e refletido sobre o modo de se aproximar dela, mesmo que saibamos que sempre que buscamos nos aproximar, ela se coloca um pouco mais longe de nós e que ela quer que a gente caminhe, que a gente faça a estrada. Então é muito bom que o MOC nesse momento que o Brasil experimenta crise forte, e uma crise de desesperança, de falta de sentido, muito bom ver a esquipe do MOC refletir e redescobrir sua utopia. O que nós queremos mesmo na  construção da sociedade? Para onde nós queremos ir e o que como nós queremos contribuir? Qual o caminho? Qual a finalidade? Então, isso é muito importante descobrir, pois nem sempre está claro qual é o nosso caminho. Descobrir que muitas vezes as estratégias não são as melhores de serem tomadas, podemos descobrir estratégias maiores e mais significativas, e sair com a esperança na mão, com a coragem de continuar na caminhada por uma sociedade onde todas as pessoas tem vez e voz”, declarou.

Além de Naidison e do quadro técnico do MOC, o evento que aconteceu no auditório da   Ascoob, em Feira, contou com a participação dos diretores Albertino Carneiro e Jorge Nery.

Por:
Maria José Esteves
Programa de Comunicação do MOC