Água de qualidade renova vida das famílias do campo

20/01/2009

Um passado próximo, mas que ficou para trás na vida da família de Rosemeire Anunciação de Oliveira. A agricultora que durante toda a sua vida sempre morou na comunidade de Boa Vista da Aroeira, no município de Conceição do Coité, somente agora aos 34 anos de idade adquiriu uma cisterna em casa e viu a sua vida e de toda a família mudar.

Casada, mãe de Jamile (15), Nislaine (12) e Natiele (06), Rosemeire relata o sacrifício que a família passava com a escassez de água. “A dificuldade era muito grande, eu saía para a represa cedinho para pegar água de beber, quando eu chegava lá, já tinha animal dentro, mais não tinha jeito, era a única opção e por mais que tratasse não ficava de qualidade porque não tínhamos nenhuma orientação”, conta Rosemeire. 

Nilson de Oliveira Lima, o esposo de Rosemeire, é trabalhador rural, o pouco que ganhava no trabalho da lavoura complementava com a renda de 222 reais, que recebia da Bolsa Família, programa do Governo Federal.  Ela conta que as crianças faltavam à escola, muitas vezes por falta d’água, outras por constantes problemas de saúde, como vômito, diarréia e febre por ingerir água de má qualidade.   

A filha mais velha, Jamile, recorda a dificuldade que a família passava quando alguém ficava doente. “Uma vez tive diarréia e vômito, além de não ter dinheiro, era difícil o acesso ao transporte, fui para o hospital com meu primo em cima do pau de arara” conta a jovem. 

Das lembranças fica uma que para toda criança é triste, a falta de tempo para as brincadeiras. “O horário que eu podia brincar era justamente a hora de ajudar minha mãe a buscar água. Aproveitei a alça de uma balde que tinha quebrado, coloquei numa lata e fiz um baldinho para minha irmã mais nova, assim ela podia nos acompanhar também. Algumas vezes dava tempo brincar, outras não”, recorda Jamile.    

Vida nova em cinco meses – Depois que a cisterna chegou à casa de Rosemeire toda história de sofrimento já é passado, uma vida digna e de qualidade é algo que está bem próximo da realidade desta família. “Depois da cisterna e dos cursos de como manter a água com qualidade a alimentação é outra e a água de beber então, nem se fala”, afirma Rosemeire. 

O tamanho da felicidade pode ser visto quando ela mostra a plantação no quintal. Árvores frutíferas e hortaliças não faltam mais. “Já tive tomate aqui de comer e distribuir com os visinhos” conta sorridente, e afirma que a água da represa agora é só para molhar as plantas, a da cisterna de consumo é para beber, cozinhar e tomar banho. 

A transformação que nunca aconteceu durante anos, foi feita em apenas cinco meses. A renda mensal da família que antes era pouco mais de 222 reais, agora é de aproximadamente 600 reais. O que não era bem vindo foi embora. “Nunca mais se ouviu falar em diarréia nem aqui em casa nem na comunidade”, ressalta a mãe de família. “Hoje a gente tem tempo de brincar, conversar com as colegas, vamos à escola com mais prazer e ainda temos o dinheirinho do lanche”, acrescenta Jamile, que está cursando o 1º ano do ensino médio.